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    Alimentos transgênicos são seguros, diz relatório americano

    DO NEW YORK TIMES

    17/05/2016 21h45

    O uso de sementes geneticamente modificadas parece ser seguro ao consumo humano e não prejudica o meio ambiente, segundo uma nova análise global do grupo conselheiro da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos.

    Não é claro, no entanto, se a tecnologia realmente aumenta a produtividade da agricultura.

    O relatório foi divulgado pelo grupo nesta terça-feira (17), justo quando o governo americano está revendo a regulamentação de culturas biotecnológicas e grandes fabricantes de alimentos estão começando a anunciar em suas embalagens que utilizam ingredientes geneticamente modificados, em cumprimento a uma nova lei do Estado de Vermont.

    O relatório afirma ainda que novas técnicas como pequenas alterações em plantas através da edição de genes estão reduzindo a fronteira entre engenharia genética e o melhoramento de culturas convencionalmente feito na agricultura, fazendo com que a legislação existente seja insustentável. O grupo propõe que a lei olhe mais para os atributos das novas culturas, e menos para a forma como elas foram criadas

    Apesar de suas 400 páginas de extensão, o documento não deve encerrar a polarizada disputa em torno das culturas biotecnológicas, geralmente chamadas de Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Quando ele foi apresentado, ambos os lados da disputa demonstraram aprovação pelos pontos do relatório que balizavam seu ponto de vista e criticaram os que o enfraqueciam.

    A Organização Pela Inovação Biotecnológica, que representa as empresas que vendem sementes geneticamente modificadas, disse que estava "satisfeita" com a descoberta de que "a biotecnologia agrícola traz grandes benefícios para agricultores, consumidores e para o meio ambiente.''

    Já Michael Hansen, cientista sênior da Consumers Union, a entidade americana de defesa do consumidor, que critica o uso de transgênicos, apontou para o fato de que o uso de sementes transgênicas não aumentou de modo significativo o rendimento das colheitas.

    "Ao contrário do que a indústria alega, essas técnicas claramente não são a solução para a fome mundial", disse ele em um comunicado.

    Talvez por conta da complexidade e dos ânimos exaltados em torno do assunto, muitas das conclusões do estudo são cobertas de poréns.

    "As pessoas queriam que déssemos uma resposta simples, inteligível aos leigos e cheia de autoridade, um crivo definitivo sobre os transgênicos. Dada a complexidade do assunto, não achamos que uma resposta assim seria adequada", diz Fred Gould, professor de entomologia da Universidade Estadual da Carolina do Norte e presidente do comitê que compilou o relatório.

    Esse é o mais recente de uma série de relatórios sobre as culturas geneticamente modificadas feitos pela Academia Nacional, um conjunto de organizações privadas e sem fins lucrativos criada pelo Congresso americano para aconselhá-lo sobre questões relacionadas a ciência, tecnologia e medicina.

    Um relatório anterior divulgado pelo grupo em 2010 dizia que a engenharia genética tinha trazido benefícios ambientais e econômicos para os agricultores norte-americanos.

    O novo relatório foi escrito por uma comissão de vinte pessoas, quase todas acadêmicas. Não havia nenhum membro de empresas do setor de biotecnologia agrícola, como a Monsanto ou a DuPont na comissão, mas havia pessoas que já tinham desenvolvido sementes geneticamente modificados e possivelmente foram consultoras de empresas como essas.

    A comissão examinou mais de mil estudos, ouviu o depoimento de 80 pessoas em uma série de reuniões e seminários virtuais e analisou 700 comentários enviados pelo público.

    Tradução: Juliana Cunha

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