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    Estudo aponta morte de 35% da Grande Barreira de Corais da Austrália

    DA AFP

    30/05/2016 14h54

    Cientistas afirmaram nesta segunda-feira (30) que ao menos 35% dos corais das zonas norte e centro da Grande Barreira de Corais da Austrália morreram ou estão morrendo em decorrência de um grave branqueamento devido às mudanças climáticas.

    O fato foi observado por especialistas após meses de vigilância aérea e submarina do maior recife de coral do mundo, que sofreu fortemente em março com o aquecimento da água.

    Formada há dezenas de milhões de anos, quando a Austrália se separou do supercontinente Gondwana e se deslocou para o norte, a Grande Barreira compreende 3.000 recifes e mais de mil ilhas, que se estendem ao longo de 2.000 quilômetros, e abriga 400 tipos de coral, 1.500 espécies de peixes e 4.000 variedades de moluscos.

    Ray Berkelmans/Efe
    A Grande Barreira de Corais australiana
    A Grande Barreira de Corais australiana

    O professor Terry Hughes, especialista em recifes de coral da Universidade James Cook de Townsville (nordeste), no Estado australiano de Queensland, afirmou que o aquecimento global está devastando um dos lugares mais emblemáticos da Austrália.

    "Descobrimos que, em média, 35% dos corais morreram ou estão morrendo em 84 recifes que estudamos nas zonas norte e centro da Grande Barreira, entre Townsville e Papua Nova Guiné", alertou, em um comunicado, assinado por três grandes universidades.

    "É a terceira vez em 18 anos que a Grande Barreira de Corais vive um episódio grave de branqueamento devido às mudanças climáticas, e o episódio atual é mais extremo que os constatados no passado", diz a nota.

    É necessária ao menos uma década para que os corais se recuperem, "mas levará muito mais tempo para recuperar os corais maiores e mais antigos que morreram", acrescentam os cientistas. O aumento da temperatura da água provoca a expulsão das algas simbióticas que fornecem cor e alimento aos corais. Se a água esfriar, os recifes podem se recuperar, mas se o fenômeno persistir correm o risco de morrer.

    UNESCO

    A Unesco esteve prestes a incluir este local, que integra o Patrimônio da Humanidade desde 1981 e se estende sobre 345 mil quilômetros quadrados, na lista de Patrimônio em Perigo pelo impacto do desenvolvimento da zona litorânea no ecossistema, a qualidade das águas e a saúde dos corais.

    Um porta-voz do ministério australiano do Ambiente, Greg Hunt, havia declarado em meados de maio que o governo tentava "mais do que nunca" proteger este recife. Na semana passada, foi revelado que Canberra atuou para que todas as referências à Austrália, incluindo a Grande Barreira de Corais, sejam retiradas de um relatório da ONU sobre as consequências do aquecimento global em locais inscritos como Patrimônio da Humanidade.

    Canberra alegou que comentários negativos impactam no turismo, o que provocou a indignação de ativistas, que acusaram o governo de "enganar os australianos no que se refere às ameaças graves para o futuro da nossa maior maravilha natural".

    A Grande Barreira é ameaçada pelo aquecimento global, os dejetos agrícolas, o desenvolvimento econômico e a proliferação de acanthasters, estrelas de mar com espinhos que destroem os corais.

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