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    especial ambiente

    Óleo que vai pelo ralo destrói canos e água; apenas 1% do gerado é reciclado

    ANDREA VIALLI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    05/06/2016 02h00

    Há um desastre ambiental descendo pelo ralo todos os dias no Brasil: o país descarta de maneira incorreta, a cada ano, 1,5 bilhão de litros de óleo de cozinha.

    O resíduo entope encanamentos e é um dos principais fatores de contaminação de água nas grandes cidades. De acordo com a Sabesp, cada litro de óleo de cozinha contamina 25 mil litros de água.

    Faltam informações precisas, mas estima-se que o Brasil não recicle mais do que 1% do óleo de cozinha que é descartado todos os anos.

    São Paulo é um dos estados em que a coleta mais avançou, com uma taxa de reciclagem de 10%, segundo a Ecóleo, ONG que articula uma rede de coleta e destinação do óleo. Cada família brasileira descarta, em média, 1 litro de óleo por mês -e 99% o fazem na pia da cozinha.

    "Embora o óleo represente apenas uma pequena parcela do lixo, seu impacto ambiental é muito grande e faltam políticas públicas direcionadas a aumentar a coleta", diz Célia Marcondes, presidente da Ecóleo.

    A ONG mapeou 14 mil pontos de coleta de óleo em todo o Estado. Graças a esses pontos, é possível recuperar 2,7 milhões de litros de óleo por mês, sendo 1,6 milhão de litros apenas na capital.

    agenda sustentavel

    O óleo de cozinha usado pode ser reaproveitado em diversas indústrias. O principal uso é para a fabricação de biodiesel: 70% do óleo de cozinha coletado tem este fim. Fábricas de sabão, de velas e de ração animal também utilizam o resíduo, que começa a ser valorizado pelas cooperativas de catadores.

    A Biotechnos, de Santa Rosa (RS), é uma das empresas que transformam o óleo de cozinha em biodiesel e já instalou 28 usinas que processam o óleo em todo o país.

    Um dos projetos em andamento ocorre em Guarulhos, em parceria com o aeroporto internacional. A cooperativa Coop-Reciclável coleta 5.000 litros óleo de cozinha por mês e transforma em biodiesel com a tecnologia da empresa. "Agora, o projeto será expandido, com a construção de uma planta com capacidade para processar até 25 mil litros de óleo por mês", diz Vinícius Puhl, coordenador da Biotechnos.

    A ADM do Brasil, uma das maiores fabricantes de óleo do país, desenvolveu um aplicativo para ajudar o consumidor a descartar o óleo corretamente. Lançado em maio, o Vitaliv possibilita acesso gratuito ao serviço de retirada de óleo de cozinha nas residências. Hoje, presta atendimento nas regiões centro e oeste da capital e acumula 400 pedidos de coleta.

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