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    BBC

    Iceberg gigante ameaça se desprender da Antártida e gera preocupação

    MATT McGRATH
    DA BBC BRASIL

    06/01/2017 12h43

    Nasa
    Bloco de gelo possui 5 mil km², área equivalente à do Distrito Federal
    Bloco de gelo possui 5 mil km², área equivalente à do Distrito Federal

    Um gigantesco iceberg –que seria um dos dez maiores do mundo– pode se desprender a qualquer momento da Antártida, dizem cientistas.

    Uma imensa rachadura na plataforma de gelo Larsen C cresceu de tal forma em dezembro que agora apenas 20 km de gelo impedem o imenso bloco de 5 mil km² (o equivalente a 500 mil campos de futebol ou à área do Distrito Federal) de se soltar.

    A Larsen C é a maior plataforma de gelo no norte da Antártida. As plataformas de gelo são as porções da Antártida onde a camada de gelo está sobre o oceano e não sobre a terra.

    Cientistas do País de Gales afirmam que o desprendimento do iceberg pode deixar toda a plataforma Larsen C vulnerável a uma ruptura futura.

    A plataforma tem espessura de 350 m e está localizada na ponta do oeste da Antártida, impedindo a dissipação do gelo.

    Os pesquisadores vêm acompanhando a rachadura na Larsen C por muitos anos. Recentemente, porém, eles passaram a observá-la mais atentamente por causa de colapsos das plataformas de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002.

    No ano passado, cientistas britânicos afirmaram que a rachadura na Larsen C estava aumentando rapidamente.

    Mas, em dezembro, o ritmo avançou a patamares nunca antes vistos, avançando 18 km em duas semanas.

    SPL
    Colapso de plataforma de gelo Larson B aconteceu de forma semelhante em 2002
    Colapso de plataforma de gelo Larson B aconteceu de forma semelhante em 2002

    Dessa forma, segundo os pesquisadores, o que se tornará um gigantesco iceberg está por um triz de se soltar –apenas 20 km o prendem à plataforma.

    "Se o iceberg não se desprender nos próximos meses, ficarei espantado", diz à BBC Adrian Luckman, da Universidade de Swansea, no País de Gales, responsável pela pesquisa.

    "As imagens não são completamente visíveis, mas conseguimos usar um sistema para verificar a extensão do problema. O iceberg está a tal ponto de se soltar que considero que isso seja inevitável", acrescenta ele.

    Luckman afirma que a área que deve se romper possui 5 mil km², o que resultaria num dos dez maiores icebergs já registrados no mundo.

    AQUECIMENTO GLOBAL

    Os cientistas dizem, no entanto, que o fenômeno é geográfico e não climático. A rachadura existe por décadas, mas cresceu durante um período específico.

    Eles acreditam que o aquecimento global tenha antecipado a provável ruptura do iceberg, mas não têm evidências suficientes para embasar essa teoria.

    No entanto, permanecem preocupados sobre o impacto do desprendimento desse iceberg do restante da plataforma de gelo, já que a ruptura da Larsen B em 2002 aconteceu de forma muito semelhante.

    "Estamos convencidos, ao contrário de outros, de que o restante da plataforma de gelo ficará menos estável do que a atual", diz Luckman.

    Nasa
    Imagens registradas em novembro mostram extensão de rachadura
    Imagens registradas em novembro mostram extensão de rachadura

    "Esperamos que nos próximos meses e anos aconteçam novas rupturas, e talvez um eventual colapso, mas isso é uma coisa muito difícil de prever".

    "Nossos modelos indicam que a plataforma ficará menos estável, mas não que desmoronará imediatamente ou qualquer coisa do tipo", acrescenta.

    Como vai flutuar no mar, o iceberg não vai aumentar o nível dos mares.

    Mas novas rupturas na plataforma podem acabar dando origem a geleiras que se desprenderiam em direção ao oceano. Uma vez que esse gelo não seria flutuante, o nível dos mares seria afetado.

    Segundo estimativas, se todo o gelo da Larsen C derreter, o nível dos mares aumentaria cerca de 10 cm.

    Há poucas certezas absolutas, contudo, sobre uma mudança iminente no contorno da Antártida.

    "As prováveis consequências podem ser o colapso da plataforma nos próximos anos ou décadas", prevê Luckman.

    "Ainda que o impacto imediato não atinja os mares, trata-se de um grande evento geográfico que mudará a paisagem do continente gelado", acrescenta.

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