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    ONU diz que fenômenos climáticos extremos prosseguirão em 2017

    AGNÈS PEDRERO
    DA AFP

    21/03/2017 12h58

    NASA/Reuters
    Pesquisadores americanos examinam gelo ártico, em Barrow, no Alaska (EUA)
    Pesquisadores americanos examinam gelo ártico, em Barrow, no Alaska (EUA)

    Após um ano de 2016 com temperaturas em nível recorde no qual a banquisa (banco de gelo) ártica seguiu minguando e o nível do mar continuou subindo, a ONU (Organização das Nações Unidas), nesta terça-feira (21), afirma que os fenômenos climáticos extremos prosseguirão em 2017.

    A Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência especializada da ONU, publicou seu relatório anual sobre o estado mundial do clima coincidindo com a jornada meteorológica mundial, que será realizada em 23 de março.

    "O relatório confirma que 2016 foi o ano mais quente já registrado. O aumento da temperatura em relação à era pré-industrial alcançou 1,1ºC, ou seja, 0,06ºC mais que o recorde anterior de 2015", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em um comunicado.

    Segundo a OMM, os fenômenos chamados extremos não apenas seguirão em 2017, mas os estudos recentes "dão a entender que o aquecimento dos oceanos pode ser mais pronunciado do que se acreditava".

    Os dados provisórios dos quais a ONU dispõe revelam que o ritmo de crescimento da concentração de dióxido de carbono (CO²) na atmosfera não foi freado.

    "Depois que o potente [fenômeno climático] El Niño de 2016 se dissipou, hoje assistimos a outras alterações no mundo que não conseguimos elucidar, estamos no limite de nossos conhecimentos científicos sobre o clima", disse por sua vez o diretor do program mundial de investigação sobre o clima, David Carlson.

    O fenômeno El Niño, que ocorre a cada quatro ou cinco anos com intensidade variável, provocou um aumento da temperatura do Pacífico, desencadeando, por sua vez, secas e precipitações superiores à média.

    Em geral, este fenômeno chega ao seu ponto máximo no fim do ano, perto do Natal, daí seu nome, em referência ao menino Jesus.

    Por sua vez, o Ártico viveu ao menos três vezes neste inverno o equivalente polar de uma onda de calor, segundo a OMM, que ressalta que em alguns dias a temperatura era próxima ao degelo.

    Segundo as conclusões dos pesquisadores, as mudanças no Ártico e o degelo da banquisa provocam uma modificação geral da circulação oceânica e atmosférica que afeta, por sua vez, as condições meteorológicas de outras regiões do mundo.

    É o caso do Canadá e de grande parte dos Estados Unidos, que tiveram um clima suave pouco habitual, enquanto na península arábica e no norte da África foram registradas no início de 2017 temperaturas anormalmente baixas.

    Além disso, as temperaturas na superfície do mar foram em 2016 as mais altas já registradas e o aumento do nível médio do mar prosseguiu, enquanto a superfície da banquisa no Ártico foi inferior à normal durante grande parte do ano.

    "A concentração de CO² na atmosfera não para de bater recordes, o que demonstra cada vez com mais clareza a influência das atividades humanas no sistema climático", explicou Taalas.

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