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    Coletivo indiano ganha prêmio por restaurar biodiversidade vegetal

    PHILLIPPE WATANABE
    ENVIADO ESPECIAL A EAST SUSSEX (REINO UNIDO)

    23/05/2017 19h48

    Divulgação
    Projeto indiano conseguiu revitalizar vegetação e multiplicar o número de espécies de árvores e arbustos
    Projeto indiano conseguiu revitalizar vegetação e multiplicar o número de espécies de árvores e arbustos
    Timbaktu velha

    O Coletivo Timbaktu usou a agricultura orgânica para desmarginalizar pessoas no sul da Índia e ainda recuperou áreas florestais. Por causa do trabalho que vem desenvolvendo há 25 anos, a organização recebeu, nesta terça (23), no Reino Unido, um prêmio ecológico.

    É a primeira edição do Lush Spring Prize. O prêmio foi feito em parceria com a Ethical Consumer (associação de pesquisa para o consumo ético do país) com a empresa britânica de cosméticos Lush.

    O Timbaktu nasceu no quintal de Manisha Kairaly, no distrito de Anantapur, na Índia. "Nós não tínhamos árvores", conta. Para reverter o quadro –havia apenas 23 espécies de árvores e arbustos– e de terras áridas, a organização, no início da década de 1990, iniciou um processo de proteção do solo.

    Áreas foram cercadas para impedir o avanço do gado, buscou-se controlar os incêndios causados por humanos e a derrubada de vegetação, canais para controlar águas que desciam pelas colinas foram construídos e a população local foi conscientizada do tamanho do problema.

    O resultado, cerca de seis anos depois, foi o crescimento da biodiversidade para um total de 320 espécies diferentes de plantas.

    Após obter esse resultado, o coletivo direcionou energias para uma questão correlata, a agricultura orgânica.

    "Quando você perde terra, você perde tudo. Isso é do que as pessoas pobres dependem. Sem um pedaço de terra, um fazendeiro não pode plantar, não pode alimentar sua família", afirma Manisha.

    "Mas não basta chegar para agricultores e falar que é necessário salvar árvores, plantar mais árvores. Só exemplos reais conseguem convencer as pessoas", diz.

    O coletivo, então, busca passar conhecimento para os agricultores, demonstrando como a questão de gastos e de produtividade podem ser melhorados com a aplicação da agricultura orgânica.

    "A ecologia é a primeira parte do trabalho. O prêmio [de pouco mais de R$ 100 mil] vai ser usado no trabalho com reflorestamento e agricultura orgânica", diz Manisha.

    BRASIL

    Um projeto brasileiro também esteve presente na premiação. A ONG Instituto Compassos ganhou um prêmio de intenção no valor de £10 mil (cerca de R$ 42 mil).

    A ideia da organização é utilizar de agricultura orgânica como uma ferramenta terapêutica para pessoas com transtornos mentais, como o autismo. O projeto acontecerá em Campeche, bairro de Florianópolis.

    Até o momento, segundo a idealizadora Daisy Buchele há somente uma horta em funcionamento, porém sem fins terapêuticos.

    Daisy afirma que a ideia pode ser replicada para várias realidades diferentes. O dinheiro do prêmio, diz, será utilizado para melhorar a infraestrutura da horta, o que possibilitará oferecimento de cursos sobre agricultura orgânica e a presença de pessoas com deficiência no local.

    O jornalista PHILLIPPE WATANABE viajou a convite da Lush Cosméticos

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