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    Causas e consequências de acidente de Alonso têm versões contraditórias

    DE SÃO PAULO

    06/03/2015 12h46

    Quase duas semanas já se passaram desde o acidente de Fernando Alonso durante os treinos da pré-temporada da F-1 e, além do fato de que o piloto da McLaren não disputará o GP da Austrália, prova de abertura do Mundial deste ano que acontece no próximo dia 15, pouco se sabe sobre as causas da batida ou mesmo a gravidade da lesão sofrida pelo espanhol.

    Não por acaso, diversas teorias e especulações surgiram desde o acidente em Barcelona. A McLaren em princípio se calou sobre a batida, depois deu versões contraditórias. Membros da equipe foram proibidos de comentar o assunto. Até a FIA foi chamada para tentar ajudar explicar o motivo que fez o espanhol perder o controle de seu carro em Montmeló. 

    VEJA ALGUNS FATOS E TEORIAS SOBRE O ACIDENTE

    O QUE SE SABE

    Alonso perdeu o controle de seu carro na Curva 3 do circuito de Barcelona quando abria a 21ª volta do último dia da segunda sessão de treinos de pré-temporada da F-1 em Barcelona. Seu carro chocou-se com a lateral direita no muro. O primeiro impacto se deu com a roda dianteira direita, seguido pela roda traseira direita. Alonso foi socorrido pelos fiscais de pista e levado ao centro médico do circuito. Depois foi sedado e levado de helicóptero ao Hospital Geral da Catalunha, onde passou três noites na UTI.

    AS VERSÕES DA MCLAREN

    No dia do acidente, a equipe inglesa afirmou que Alonso não tinha sofrido nenhuma lesão e que seria mantido no hospital apenas por precaução. No dia seguinte, porém, a McLaren afirmou que o piloto havia sofrido uma concussão causada pelo impacto contra o muro. Na semana passada, em entrevista concedida no escritório da equipe em Barcelona, Ron Dennis, presidente da McLaren, afirmou que Alonso havia ficado desacordado em algum momento durante o acidente, mas disse que não sabia dizer quando. Antes disso o time havia descartado esta possibilidade. 

    Kazuhiro Nogi - 10.fev.2015/AFP
    Ron Dennis, presidente da McLaren, deu versão diferente sobre o acidente da que foi divulgada pela equipe
    Ron Dennis, presidente da McLaren, deu versão diferente sobre o acidente da que foi divulgada pela equipe

    CULPA DO VENTO

    Segundo o time, após coletar dados da telemetria do carro do espanhol, a causa mais provável para explicar a perda de controle do bicampeão seria o vento forte que soprava no circuito no momento do acidente. Outros pilotos reclamaram da dificuldade de se pilotar naquele trecho da pista, que fica num ponto alto. Carlos Sainz, da Toro Rosso, sofreu acidente similar ao de Alonso no mesmo dia, mas nada sofreu. Segundo o jovem espanhol, o vento o ajudou a perder o controle do carro. Sebastian Vettel, que vinha logo atrás do McLaren no momento da batida, classificou o acidente como "estranho". Logo após voltar aos pits na sequência da batida, Vettel foi aos boxes da McLaren. Na semana seguinte, foi visto no motorhome da McLaren.

    DESMAIO

    Uma das versões para que Alonso tenha perdido o controle de seu carro é a de que ele tenha desmaiado segundos antes da batida, hipótese que a McLaren nega. De acordo com a revista "Auto Motor und Sport", o espanhol teria apagado três segundos antes de chocar-se contra o muro, já que a velocidade de seu carro teria diminuído muito pouco depois que ele escapou da pista e ele não teria reagido. Ainda segundo a publicação, o choque teria sido a 105 km/h e o impacto de 16 G, o que equivale a 16 vezes o peso de seu corpo. 

    Joan Valls - 22.fev.2015/Xinhua
    Equipe médica da F-1 resgata Alonso após acidente na Espanha
    Equipe médica da F-1 resgata Alonso após acidente na Espanha

    CHOQUE

    Outra versão para tentar explicar a batida é que Alonso possa ter recebido uma descarga elétrica vinda de algum dos sistemas usados pelos carros de F-1 atualmente, como o ERS, o sistema de recuperação de energia. Por conta do perigo de choques, os mecânicos das equipe trabalham com grossas luvas de borracha e só se pode tocar no carro quando há uma luz verde no painel. A FIA já descartou que isso tenha acontecido com Alonso, pois o sistema teria emitido uma luz laranja quando o carro estava em movimento e, dez segundos depois de sua parada, ela tornou-se verde, o que caracteriza que tudo estava dentro do normal. Ron Dennis também afirmou que o espanhol foi submetido a exames e que no caso de choque elétrico uma enzima teria aparecido nos exames de Alonso até 48 horas após o ocorrido, o que não aconteceu no caso dele.

    Albert Gea - 25.fev.2015/Reuters
    Fernando Alonso deixa hospital de Barcelona, na Espanha
    Fernando Alonso deixa hospital de Barcelona, na Espanha

    A PERDA DA MEMÓRIA

    Ron Dennis afirmou que ninguém havia perguntado a Alonso se ele se lembrava do acidente para poupar o piloto e deixar que ele se recuperasse com tranquilidade. Mas desde o início pessoas próximas ao espanhol afirmaram que ele não tinha lembrança do acidente, o que é comum após traumas como o que ele sofreu. Mas, de acordo com o jornal espanhol "El País", a perda de memória do bicampeão foi mais além e, ao ser questionado pelos fiscais que o atenderam se sabia quem era e o que fazia, respondeu: "Me chamo Fernando Alonso, corro de kart e meu sonho é ser piloto de F-1". Ainda de acordo com o diário, o espanhol recobrou a memória dias depois.

    Veja tweet

    AJUDA DA FIA

    Em razão de tantas dúvidas sobre o que teria causado a batida de Alonso, a McLaren recorreu à FIA para tentar entender o acidente. Imagens das câmeras do sistema de segurança do circuito de Montmeló foram entregues à entidade, mas as gravações não ajudaram, já que eram de baixa qualidade e não mostravam com exatidão o local do acidente. O time também colocou à disposição de Charlie Whitting, inspetor de segurança da entidade, os dados da telemetria. Para evitar que casos assim se repitam, a FIA irá obrigar os times a colocarem câmeras em seus carros durante os testes, que não são sancionados pela entidade. Acelerômetros também devem ser colocados nos protetores auriculares dos pilotos para ajudar a determinar a força dos impactos em caso de acidentes.

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