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    Veja oito produtos que você ainda pode encontrar nos supermercados da Venezuela

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    08/03/2015 02h00

    O problema das filas e da escassez cresce sem parar na Venezuela. A tal ponto que quando uma multidão se aglomera em frente a algum mercado ou farmácia, isso significa que a loja dispõe de algum produto escasso.

    Por outro lado, a ausência de filas indica que a loja não tem nenhum dos itens em falta no mercado.

    O desabastecimento tem várias causas. A principal é estrutural. Como petroestado, a Venezuela vive há mais de um século em cima das exportações de óleo bruto, arrecadando dólares e usando parte destes mesmos dólares para importar quase tudo que consome.

    Historicamente, os venezuelanos são comerciantes, não produtores.

    A produção nacional de alimentos e bens de consumo, que já era pífia, ficou ainda menor depois que Hugo Chávez chegou ao poder, em 1999, e implementou um modelo socialista hostil ao setor privado.

    Chávez implementou controle de preços e câmbio e expropriou empresas às centenas, colocando aliados socialistas em seu comando. Milhares de empresários e investidores levaram suas fortunas para o exterior.

    O setor privado tentou se vingar orquestrando um golpe de Estado, em 2002. Mas Chávez não só sobreviveu como voltou ainda mais forte e mais desconfiado dos empresários.

    A situação piorou após a morte de Chávez, há exatos dois anos. Seu substituto, Nicolás Maduro, não tem o mesmo carisma e liderança e vem reagindo de forme errática ao crescente aperto gerado pela gastança social e pelas distorções da economia.

    A situação degringolou de vez nos últimos meses, com a queda abrupta dos preços petroleiros, fruto da vasta oferta no mercado global. Com menos petrodólares entrando, a Venezuela importa cada vez menos e isso acirra ainda mais o desabastecimento.

    Apesar da crise, nem só de escassez vivem os venezuelanos. Alguns produtos ainda são facilmente encontrados no mercado. Entenda quais e por que.

    *

    Edson Silva/Folhapress

    1) Refrigerante

    A produção local é abundante, e os venezuelanos parecem não ser tão viciados como os brasileiros. Por isso, grandes quantidades de bebida gasosa de vários tipos se amontoam nos mercados

    Raquel Cunha/Folhapress

    2) Bebida alcóolica

    Uísque importado, paixão nacional, ainda pode ser encontrado. Mas o preço se tornou proibitivo para a maioria, o que alavancou a popularidade do rum local, considerado um dos melhores do mundo.

    Apesar das dificuldades de importar insumos, a Polar, megaempresa privada do setor alimentício, continua abastecendo o país em cerveja

    Divulgação

    3) Queijos e iogurtes

    Falta leite, mas sobra queijo de todos os tipos, alguns de alta qualidade. Essa discrepância pode ser explicada pelo fato de ser muito mais rentável produzir derivados do que leite, um produto sujeito a severo controle de preço

    Ciete Silvério/Folhapress

    4) Lustra móveis, limpa vidro, desengordurante

    Sabão, em suas variações, é um dos itens mais escassos na Venezuela, mas é fácil encontrar outros artigos usados na limpeza e manutenção do lar. Num cenário de inflação e perda do poder de compra, são produtos vistos como dispensáveis e, portanto, com baixa demanda

    5) Macarrão

    Massas importadas escassearam, mas produtos nacionais, muitas vezes fabricados por membros da vasta comunidade de origem italiana, ainda enchem as prateleiras dos mercados

    Gustavo Roth/Folhapress

    6) Pasta de dente e enxaguante bucal

    Chama a atenção a enorme quantidade de produtos de higiene bucal –menos escovas– nas gôndolas dos supermercados. Alguns são importados, mas a maior parte é fabricada nacionalmente

    Márcia Ribeiro/Folhapress

    7) Legumes e ovos

    Há escassez ocasional, mas, no geral, ainda é possível encontrar tomates, batatas, cebolas etc. Verduras, porém, estão entre os produtos mais afetados pela inflação, e isso afeta o volume de consumo

    Eduardo Knapp/Folhapress

    8) Plásticos e muambas da China

    Pequim vive emprestando bilhões para a Venezuela. Em troca, venezuelanos se comprometem a gastar o (pouco) que têm importando cada vez mais mercadoria chinesa, principalmente brinquedos, móveis e outros itens para casa

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