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    Guga elege jogo contra Agassi o principal da carreira e Sampras o melhor da história

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO A FLORIANÓPOLIS

    24/05/2015 05h36

    1 - O melhor jogo da carreira

    "A final contra o [Andre] Agassi [na Masters Cup de Lisboa, em 2000]. Houve vários jogos excepcionais, mas acho que esse une tudo. Performance com a situação, que ali era muito peculiar. Valia demais aquela partida. Normalmente, é nessa situação que uma pessoa tende a não jogar seu máximo. Com uns 80% ou 90% a gente já fica satisfeito, porque o nível de tensão é muito maior. Mas ali, até pelo fato da lesão no início do torneio, foi fazendo com que eu tivesse um nível de concentração tão pleno que eu acho que foi o máximo que atingi na minha carreira, em termos de performance, para determinada tarefa que tinha pela frente".

    2 - O melhor jogo que já viu

    "Eu considero que tem muito o fator simbólico, nesse caso. Para mim, assistir ao tênis hoje é muito diferente de quando era pequeno ou quando estava começando. É diferente assistir sem conseguir atingir e sem saber fazer coisas do que quando já sabe fazer a maioria das coisas. Então, o jogo mais fantástico que eu vi foi do Jaime Oncins contra o [Ivan] Lendl, lá em Roland Garros [na terceira rodada de 1992]. O Jaime virou e por casualidade foi a primeira vez que entrei em um estádio. Cheguei lá e ele estava jogando. Já era um sinal de que algo de especial ia acontecer ali. Mas é totalmente neste sentido, sabe? É um efeito simbólico para mim. Poxa, um brasileiro ganhando do Lendl, que para mim era um dos maiores de todos os tempos. Ali na minha frente, de carne e osso. Foi fantástico. Uma partida que leva o grau de sensação para uma outra atmosfera. Eu assistia e parecia que não era tênis, porque era tão perfeito que ia além. E aí fica marcado. Depois, com o tempo, o tênis não fica tão mágico, vira o ofício, e perde um pouco da fantasia que lá no início tinha um impacto".

    Fabiano Accorsi/Folhapress
    O tenista brasileiro Jaime Oncins durante uma partida
    O tenista brasileiro Jaime Oncins durante uma partida

    3 - O melhor que já enfrentou

    "Sampras, sem sombra de dúvidas. Quando entrei na quadra para enfrentá-lo [na Masters Cup de 1999], eu até esqueci de volear [no aquecimento]. Foi a única vez na minha vida que esqueci de volear. Desde 5 anos de idade até virar número 1 do mundo, nunca tinha acontecido. E aconteceu, tamanho era o impacto de entrar na quadra e ver aquele semi-deus. Porque era isso o que ele parecia. Ganhava Wimbledon um ano atrás do outro etc. Ele me deu uma aula naquele jogo. Para conseguir encontrar uma forma de competir com ele demorou quase duas partidas, e eu já era quinto do mundo. Isso mostra a genialidade do jogador".

    Orestis Panagiotou/Efe
    O tenista norte-americano Pete Sampras
    O tenista norte-americano Pete Sampras

    4 - A maior rivalidade que já viu

    "No meu caso, nem cheguei a ter uma rivalidade, porque minha carreira foi muito curta. Na minha cabeça, é claro que nem deu tempo para alcançar o máximo desenvolvimento do meu tênis. Aos 25 anos eu já estava lesionado. E talvez tivesse jogado mais partidas contra o Nadal do que contra o Agassi. A tendência era de que eu jogasse contra o Nadal cinco ou seis vezes por ano. E uma rivalidade parte dessa quantidade de duelos; 15, 20, por aí vai. Eu vejo que a rivalidade Sampras x Agassi é maior, porque por incrível que pareça vejo uma supremacia do Nadal sobre o Federer. Existe uma dinâmica de jogo que favorece o Nadal, no encaixe dos estilos, e ele tem uma margem muito grande de vitórias. Acho que o Nadal provocou o Federer a estender ainda mais seus objetivos. E eu escolho Sampras x Agassi porque vivi mais de perto, então aquilo era mais glorioso. O tênis de hoje, com Nadal e Djokovic, me impressiona. É impressionante o que eles fazem hoje em dia. Não dá para acreditar, parece brincadeira. Eles jogam 3, 4, 5 horas em um dia e no seguinte estão bem em quadra de novo. Não erram uma bola, e atuando com velocidade, regularidade, constância. É incrível".

    5 - A maior virtude

    "Acho que conseguir visualizar e utilizar a capacidade de outras pessoas que estão ao meu redor. Mas a principal virtude do meu caminho foi cada virgulazinha que eu enxergava ao longo do caminho, que eu via, quando me servia eu começava a utilizar. Acho que isso fez com que algumas coisas inalcançáveis eu pudesse encontrar desta forma. Observado ou estando ali. Na influência com o Larri [Passos, ex-técnico], a energia, a valentia dele e da minha, a superação, a garra... Então, eu ia pegando as forças das pessoas ao meu redor e ia embutindo no meu caráter competitivo e na minha personalidade para conseguir. Acho que por isso eu consegui ganhar [Roland Garros] em 1997. Não teria uma outra forma. Porque eu não havia desenvolvido nada de minhas capacidades ainda. Mas já estava enxergando aquilo, e de alguma forma eu consegui pôr em prática naqueles 14 dias. Depois ao longo da carreira consegui consolidar essas capacidades. Mas minha forma de aprendizado foi assim, enxergando virtudes nas outras pessoas e de alguma forma me apropriando do que existia ao meu redor".

    Otavio Dias de Oliveira/Folhapress
    Guga comemora vitória no torneio de Roland Garros, em 1997
    Guga comemora vitória no torneio de Roland Garros, em 1997
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