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    10 casos de polêmicas envolvendo bandeiras em todo o mundo

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    25/06/2015 13h03

    Win McNamee/AFP

    Países de todo o mundo enfrentaram polêmicas parecidas com a da Carolina do Sul, onde o Parlamento discute a retirada da bandeira dos Estados Confederados da América de um mastro na frente do prédio devido a sua conotação racista.

    A controvérsia em torno do símbolo voltou à tona após um supremacista atacar uma igreja em Charleston, na Carolina do Sul, em 17 de junho. O autor, Dylann Roof, 21, posou na internet com uma bandeira confederada.

    O símbolo dos Estados do sul americano durante a Guerra de Secessão (1861-1865) passou a ser usado por supremacistas brancos porque os confederados defendiam no passado a escravidão e a segregação entre negros e brancos.

    Nos dias seguintes ao ataque, líderes políticos americanos defenderam o boicote à bandeira e grandes redes varejistas como Amazon, Walmart e eBay impediram sua venda nos Estados Unidos.

    Em outros países, questões políticas, religiosas e de intolerância racial orientam a rejeição por bandeiras. Veja abaixo alguns exemplos:

    *

    1) Alemanha

    Com a derrota de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, em 1945, a bandeira nazista, vermelha com a suástica no centro, foi proibida na Alemanha e assim permanece até hoje.

    O símbolo que tremulava no alto dos prédios estatais durante o Terceiro Reich (1933-1945), era agitado pelas multidões de partidários de Hitler e do nazismo e fazia parte de uniformes militares e civis.

    Sinônimo das políticas genocidas do nazismo, a flâmula, a suástica e símbolos relacionados continuam entre os favoritos dos neonazistas e de outros grupos de extrema direita dentro e fora da Alemanha.

    Depois da guerra, a suástica foi retirada das garras da águia que aparece em diversos prédios do período nazista. Hoje, os alemães debatem se não devem expurgar também o pássaro das representações.

    Reuters

    2) Estado Islâmico

    No Oriente Médio, a milícia radical Estado Islâmico se apropriou da bandeira preta, um símbolo que teria sido brandido por Maomé e foi usado durante a Revolução Abássida (746-750).

    A bandeira dos extremistas carrega a frase: "Não há deus que não seja Alá; o profeta Maomé é o mensageiro de Alá." Ela foi adotada por muitos combatentes radicais islâmicos como uma forma de afirmar o poder das leis religiosas.

    Da mesma forma que os curdos reivindicam as regiões tomadas pelo Estado Islâmico, eles também aumentaram a pressão para poderem usar sua bandeira em vez da adotada oficialmente pelos iraquianos.

    Reuters

    3) África do Sul e Rodésia

    As duas bandeiras dos regimes segregacionistas africanos apareceram na jaqueta usada pelo autor do ataque na Carolina do Sul em uma foto em um site supremacista na internet.

    As representações da África do Sul no apartheid (1948-1994) e do governo do atual Zimbábue (1965-1979) ainda surgem entre pequenos grupos nacionalistas brancos no caso sul-africano.

    Tarik Tinazay/AFP

    4) Chipre

    No conflito entre os lados turco e grego de Chipre, a bandeira da República Turca de Chipre do Norte virou um símbolo do desejo de separação da internacionalmente reconhecida República de Chipre.

    A representação tem fundo branco e nele traz a lua crescente e uma estrela em vermelho. Duas faixas vermelhas completam o símbolo, que é considerado ilegal no sul de maioria grega.

    Na montanha de Pentadaktylos, uma das principais da ilha, a bandeira é representada, seguida pela inscrição. "Que orgulho é para aquele ou aquela que diz 'Eu sou turco'".

    5) Espanha

    Alguns espanhóis ainda alimentam as divisões da Guerra Civil (1936-1939) e usam bandeiras da época em apoio aos ideais políticos de ambos os lados do conflito.

    Militantes de extrema direita têm o costume de usar a bandeira do regime de Francisco Franco (1939-1975). Ela tem as cores vermelha e amarela, como a atual, mas com uma águia preta.

    Por outro lado, a extrema esquerda e os republicanos usam em seus atos o símbolo da Segunda República Espanhola (1931-1939), que tem como cores o amarelo, o vermelho e o roxo.

    6) Irlanda do Norte

    Durante décadas, tremular bandeiras britânicas e irlandesas levava a brigas na Irlanda do Norte. A diminuição da violência, no entanto, não deu fim à polêmica lançada pela briga entre católicos e protestantes.

    Todos os verões, vizinhos de origem britânica e irlandesa se revoltam com a exibição dos símbolos, consideradas uma provocação.

    Em 2012, quando a Câmara de Vereadores de Belfast definiu pela restrição de uso da bandeira britânica, protestantes foram às ruas em protesto violento contra a medida.

    Durante dois meses, houve ruas bloqueadas por barricadas, políticos atacados, casas e lojas depredados e confrontos com a polícia. Mais de 200 pessoas ficaram feridas na onda de violência.

    7) Reino Unido

    A bandeira da Inglaterra, que traz a cruz de São Jorge em vermelho em um fundo branco, é mais associada às competições de futebol, rugby e críquete, quando os membros do Reino Unido jogam separado.

    Nos últimos anos, porém, a flâmula começou a aparecer com mais frequência nas mãos de militantes de extrema direita como uma relação de nacionalismo e contrariedade à imigração.

    No ano passado, a deputada trabalhista Emily Thornberry foi forçada a deixar um posto de dirigente no partido após postar uma mensagem debochada em seu Twitter com a foto de uma casa e uma van enfeitadas com a bandeira inglesa.

    Os jornais britânicos criticaram a declaração e o primeiro-ministro David Cameron a acusou de fazer pouco caso "ao povo que trabalha duro, são patriotas e amam o seu país".

    8) Fiji, Nova Zelândia e Canadá

    Nos países colonizados pelo Reino Unido, a presença do Union Jack nas representações nacionais é motivo de polêmica. Após anos de debates acalorados, em 1965 o Canadá retirou o símbolo de sua bandeira.

    No ano que vem, a Nova Zelândia fará um referendo para excluir a referência britânica. Os críticos veem a saída como uma forma de se livrar das menções ao passado colonial e de se diferenciar da bandeira da vizinha Austrália.

    Para o primeiro-ministro neozelandês, John Key, esta é a hora certa para que o país mude sua bandeira "para outra que reflita melhor nosso status como uma nação moderna e independente".

    Este é o mesmo pensamento das autoridades do Fiji, arquipélago no oceano Pacífico que é uma ex-colônia britânica.

    Marko Djurica/Reuters

    9) Bálcãs

    Em outubro, o jogo entre Sérvia e Albânia pelas eliminatórias da Eurocopa foi interrompido na capital sérvia, Belgrado, após um drone pousar no gramado com uma bandeira nacionalista albanesa.

    O símbolo trazia o mapa da chamada Grande Albânia, que inclui Estados vizinhos, dentre eles a Sérvia. Quando um jogador sérvio foi retirá-lo, os adversários albaneses tentaram protegê-lo, o que provocou uma briga em campo.

    A batalha se completou com a entrada de torcedores ultranacionalistas sérvios, que atacaram os albaneses. A tensão entre os países foi alimentada pela invasão de Kosovo, em 1999, região de maioria albanesa que antes era dominada pelos sérvios.

    10) Separatistas ucranianos

    Os separatistas da regiões de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, começaram a usar uma bandeira com as cores da Rússia que parece a bandeira dos Estados Confederados da América, mas sem as estrelas.

    A influência são as bandeiras da Marinha russa, que também traz a Cruz de Santo André, e a da Nova Rússia (Novorrosiya, em russo), que é o território de Moscou no período imperial (1721-1917) que hoje são o sul e o leste da Ucrânia.

    A bandeira, assim como os governos, não são reconhecidos pelo governo ucraniano.

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