Segundo levantamento do Banco Central junto a emissores de cartões, 53,4 bilhões de pontos —que se acumulam conforme são feitos gastos e depois podem ser trocados por produtos e serviços— expiraram no ano passado por falta de uso.

Seria o suficiente para fazer 534 mil voos internacionais, se considerado um gasto de 100 mil milhas para ida e vinda. Eles poderiam ser usados também para comprar incontáveis itens.

Para Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, os usuários deixam os pontos expirarem porque os encaram como algo sem valor. "É como se você tivesse R$ 100 que precisa gastar, senão perde", afirma.

Veja abaixo sete dicas sobre como fazer o melhor uso possível dos seus bônus.

1- Desapegue da viagem

Como o sistema de pontos se popularizou inicialmente no Brasil via companhias aéreas, os bônus ainda são encarados por muitos usuários apenas como milhas. Mas eles podem ser gastos também em outros itens, listados nos sites de cada programa de cartão de crédito, afirma Viriato.

É comum demorar anos para juntar pontos o suficiente para uma viagem, período em que eles já podem estar para expirar. E nada garante que o usuário tenha, nesse momento, disponibilidade para viajar.

Nesses casos, vale mais a pena gastar os pontos disponíveis em algum outro produto do que correr o risco de perdê-los.

2- Leia as regras dos serviços

Seja para escolher o programa de bônus ao qual aderir, ou apenas se informar sobre o prazo para gastar os pontos, ler as regras dos serviços é uma medida fundamental.

Quando se trata dos gastos com passagens, o usuário é obrigado a aderir aos programas ligados a cada companhia.

Já no caso dos cartões de crédito que concedem pontos, a possibilidade de escolha é maior, mas limitada, por outro lado, ao banco em que o cliente tem conta.

Na hora de escolher, é importante levar em consideração a relação de dólares —a conta é feita a partir dessa moeda— para pontos, a anuidade que vai pagar no cartão, o prazo para gastar os pontos e o custo da transferência de pontos do programa para outro (leia mais no item 4)

Benefícios como prazos maiores de expiração dos pontos geralmente são concedidos para clientes que têm movimentações financeiras altas.

3- Concentre os gastos em um mesmo cartão

Quanto maior a quantidade de pontos, melhor o serviço ou produto a que o cliente terá acesso, por isso o ideal é concentrar os gastos em poucos programas.

4- Transfira os pontos para um mesmo programa antes de gastá-los

Nem sempre é possível concentrar os gastos, no entanto. Companhias aéreas são ligadas a programas específicos, por exemplo, o que não permite ao usuário determinar que os pontos sejam creditados no programa de seu cartão de crédito.

Mas, quando possível, vale a pena transferir os pontos para um mesmo programa antes de gastá-los.

Isso pode ser feito entre programas de cartões de crédito e deles para os ligados a companhias aéreas, mas não no sentido contrário, afirma Bruno Nissental, fundador do Oktoplus, serviço on-line gratuito para gerir o benefício.

Segundo o especialista, o processo exige o pagamento de uma taxa que vai de 10% a 20% dos pontos.

5 - Compare itens em cada programa

É comum que um mesmo trecho ou produto seja disponibilizado por programas diferentes por uma quantidade de pontos diferentes.

Mesmo com essa diferença de poder de compra, no entanto, a transferência dos pontos de um programa para outro é sempre de um para um.

Por isso, vale a pena comparar as ofertas em cada um antes de fazer a compra.

6 - Planeje-se e seja rápido

Quando o objetivo é gastar os pontos com voos, o ideal é se planejar, já que empresas aéreas reservam para os gastos com milhagens poucos assentos nos trechos mais concorridos. Quando o voo desejado aparece, a compra deve ocorrer rapidamente.

Se a viagem estiver próxima, um recurso é optar por um voo em horário pouco atraente ou com muitas escalas e conexões, geralmente menos procurado.

7 - Prolongue a vida útil dos seus pontos

Transferir pontos de um programa para outro também serve de estratégia para mantê-los valendo.

Se estão perto de expirar e passam para outro programa, contam como se tivessem acabado de ser adquiridos. "Eles podem ter seis anos e continuar valendo", diz Nissental, do Oktoplus.