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    Entre tapas e votos, conheça parlamentos pelo mundo mais briguentos que o de Brasília

    DE SÃO PAULO

    11/12/2015 16h48

    As agressões físicas entre parlamentares ocorridas esta semana em Brasília chamaram a atenção no noticiário, mas não são um fato exatamente raro na política. A violência legislativa é uma prática antiga, sendo que o mais famoso episódio do tipo data de 44 a.C. —o assassinato de Júlio César por membros do Senado, na Roma Antiga.

    O próprio Senado brasileiro já foi palco de um homicídio quando Arnon de Mello, pai do atual senador Fernando Collor de Mello, atirou contra o também representante alagoano Silvestre Péricles, que havia prometido matá-lo. O segundo disparo de Arnon acertou José Kairala, que não tinha nada a ver com a briga e morreria horas depois no hospital, em 4 de dezembro de 1963.

    Quatro anos depois, os deputados Estácio Souto Maior (pai do piloto Nelson Piquet) e Nelson Carneiro trocaram tiros no saguão do Congresso —o primeiro ficou ferido.

    Nem o Capitólio de Washington, símbolo da democracia americana, permaneceu isento de pancadaria: em 1856, o congressista Preston Brooks golpeou Charles Sumner com um bastão até deixá-lo inconsciente. Era um debate sobre escravidão.

    Confira, a seguir, algumas das casas legislativas mais briguentas do mundo.

    *

    Ucrânia

    A profunda divisão entre pró-europeus e pró-russos frequentemente transforma o Parlamento ucraniano em um grande ringue. Seja a votação do orçamento, seja por rixas pessoais, raramente os legisladores passam seis meses em Kiev sem recorrer às vias de fato.

    Em maio de 2012, o confronto generalizado ocorreu por causa de um projeto que permitia o uso da língua russa em algumas regiões do país —hoje dividido justamente por separatistas pró-Moscou.

    Sergei Supinsky - 13.dez.2012/AFP
    ORG XMIT: 212 TOPSHOTS Deputies of the opposition fight with deputies of the majority for a second time in two days, during the second session of the newly elected Ukrainian parliament in Kiev on December 13, 2012. Activists from Ukraine's feminist group Femen staged a topless anti-corruption protest on December 12 outside the ex-Soviet country's newly-elected parliament as a fight erupted between lawmakers inside. Ukraine's parliament has seen several physical confrontations in recent years amid bitter confrontation between opposition and pro-government camps. AFP PHOTO//SERGEI SUPINSKY
    Deputados trocam socos em plenário do Parlamento ucraniano pelo segundo dia seguido; sessão era a segunda após a nova composição da casa

    Taiwan

    Se há uma casa legislativa que possa rivalizar com a de Kiev em pugilismo, ela fica em Taiwan. O Yuan Legislativo, como a câmara é chamada, ganhou até um reconhecimento oficial em 1995, o Prêmio IgNobel da Paz (paródia do Nobel) —"por demonstrar que políticos ganham mais em socar, chutar e arranhar uns aos outros do que ao promover a guerra contra outras nações", segundo os promotores da "láurea".

    Abaixo, legisladores tentam bloquear mesa da plenária em votação sobre a revisão de um imposto, em 2013.

    25.jun.2013/AFP
    TOPSHOTS Legislators from Taiwan's ruling Kuomintang party and opposition try to seize the parliament's podium on June 25, 2013. Fighting broke out in Taiwan's parliament as legislators scuffled and threw coffee during a debate on whether a controversial capital gains tax on share trading should be revised less than a year after it was brought in. TAIWAN OUT AFP PHOTO ORG XMIT: CMC088
    Legisladores do Kuomitang (partido governista) e opositores brigam para bloquear votação

    Coreia do Sul

    A Assembleia Nacional em Seul é outra mais famosa pelos embates físicos do que pelos retóricos. Abaixo, parlamentares sul-coreanos brigam durante o anúncio do impeachment do então presidente Roh Moo-hyun, em 2004 (a decisão foi derrubada depois pelo Judiciário).

    Bolívia

    Em 2007, a votação pela abertura de um processo contra quatro magistrados do Tribunal Constitucional, a corte mais alta do país, resultou em socos, pontapés e móveis quebrados na Câmara, em La Paz. O processo, defendido por Evo Morales e legisladores governistas, foi aberto.

    22.ago.2007/Reuters
    ORG XMIT: 103501_1.tif Deputados bolivianos brigam durante sessão na Câmara em La Paz, na Bolívia. Depois de trocar socos e murros com oposicionistas, os deputados do partido do presidente boliviano, Evo Morales, votaram a favor da abertura de um processo contra quatro magistrados do Tribunal Constitucional (TC), a corte mais importante do país. Bolivian opposition congressmen (at left) fight with colleagues from the government coalition to try and block the legislature's inquest into four members of the Consitutional Tribunal that are accused of betrayal by President Evo Morales in a congress session in La Paz, August 22, 2007.REUTERS/Stringer (BOLIVIA)
    Deputados bolivianos brigam durante sessão na Câmara em La Paz, na Bolívia

    Índia

    Um voto de confiança na câmara do Estado de Uttar Pradesh, na Índia, se transformou em uma batalha campal em 1997. Microfones e pedaços da mobília serviram de munição e voaram de um canto a outro da sala ao longo da discussão, na cidade de Lucknow. Uttar Pradesh é o Estado mais populoso da Índia, que, por sua vez, é a maior democracia do mundo e não raro palco de cenas semelhantes. Uma outra discussão (veja aqui ), na câmara de Maharashtra, começou devido à recusa de um parlamentar em prestar um juramento na língua local.

    Briga na Assembleia de Uttar Pradesh

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