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    'Barbárie' do 'Estado Islâmico' precisa ser combatida, diz Dilma

    DA BBC BRASIL

    15/11/2015 13h17

    A presidente Dilma Rousseff usou discurso na manhã deste domingo (15) em reunião do grupo dos Brics, na Turquia, para condenar a "barbárie da organização terrorista Estado Islâmico" nos ataques em Paris.

    "Expresso o meu mais veemente repúdio, que é também o de todo o povo brasileiro, aos atos de barbárie praticados pela organização terrorista 'Estado Islâmico' que levaram mortes e sofrimento a centenas de pessoas de várias nacionalidades em Paris", disse a presidente durante o encontro em Antalya que antecedeu a cúpula do G20.

    Embora todos os líderes dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tenham mencionado os atentados na França, Dilma foi a única a citar nominalmente a organização que assumiu a autoria dos ataques.

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    A presidente externou "integral solidariedade" ao povo francês e ao presidente François Hollande, que cancelou participação no G20 após os atentados. "Essas atrocidades tornam ainda mais urgente uma ação conjunta de toda a comunidade internacional no combate sem tréguas ao terrorismo."

    A noite de terror em Paris na última sexta-feira (13) alterou a dinâmica da reunião do G20, o grupo das maiores nações ricas e em desenvolvimento, que ocorre até esta segunda (16) em Antalya, na costa mediterrânea da Turquia.

    O tema já estava previsto no cardápio de discussão política dos líderes, ao lado da crise mais grave de refugiados desde a 2ª Guerra Mundial, mas assumiu nova relevância —o que já ficou claro na reunião dos Brics, que ocorreu pela manhã, antes do início oficial das atividades da cúpula do G20.

    Os líderes dos Brics também citaram a queda no Egito, no mês passado, do avião da companhia aérea russa Metrojet, episódio que deixou 224 mortos e envolve forte suspeita de que a aeronave teria sido derrubada pela detonação de uma bomba colocada em seu interior, e as explosões de outubro em Ancara, capital turca, que mataram quase cem pessoas.

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, definiu o terrorismo como "mal global" e pediu ação conjunta e "em conformidade" com princípios da ONU (Organização das Nações Unidas).

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    "A necessidade de esforço global contra o terrorismo nunca foi tão urgente como agora", disse o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. A Índia assumirá a presidência de turno do grupo dos Brics em 2016 —neste ano a tarefa coube à Rússia.

    Foi do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, a manifestação política mais forte da reunião, ao defender que refugiados não sejam responsabilizados pelos crimes na França. "Os refugiados vão atrás de paz e de uma vida melhor. Não devem ser tachados como terroristas."

    O presidente da China, Xi Jiaping, dedicou "menção especial" ao acidente aéreo no Egito e se disse "chocado" pelos ataques em Paris.

    PR

    Dilma em chegada a encontro dos Brics em Antalya, na Turquia

    Em comunicado oficial após a reunião, o grupo dos Brics reafirmou "apoio ao povo e ao governo da França e aos esforços para levar os responsáveis à Justiça".

    No front econômico, os Brics concordaram que a economia global "ainda está em risco" e que a recuperação "não é sustentável". "Desafios geopolíticos, incluindo a politização das relações econômicas e a introdução de sanções econômicas unilaterais, continuam prejudicando as perspectivas futuras de crescimento econômico", diz o comunicado oficial.

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    G20

    Após a reunião dos Brics, os líderes seguiram para outro hotel da região de Belek, cidade turística vizinha a Antalya, para a abertura oficial da cúpula do G20. Os líderes foram recebidos pelo presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, e seguiram para um almoço de trabalho.

    À tarde haverá uma sessão de trabalho sobre desenvolvimento e clima, e à noite, uma recepção e um jantar oferecidos pelo governo turco —quando espera-se que os líderes discutam temas políticos, como terrorismo e crise dos refugiados.

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    O comunicado final da cúpula deverá seguir o exemplo do grupo dos Brics e reforçar o compromisso político de combate ao terrorismo.

    Enquanto o consenso nesse sentido já estava garantido, as principais pendências de última hora nas conversas diplomáticas se referiam à questão climática. Havia dificuldade, na noite de sábado, em encontrar um tom duro, que reforçasse a importância de um acordo na Conferência Climática de Paris, que começa no final do mês, mas sem avançar demais sobre detalhes polêmicos inerentes à negociação.

    O comunicado final da reunião dos Brics citou o tema ao manifestar desejo de "resultado exitoso" na conferência e o compromisso de que um eventual acordo tenha força jurídica para ser aplicado por todos os países envolvidos.

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