• BBC

    Sunday, 05-May-2024 13:04:01 -03

    paris sob ataque

    'Foi uma cena de execução', diz médico que atendeu feridos no Bataclan

    DANIELA FERNANDES
    DE PARIS PARA A BBC BRASIL

    18/11/2015 10h50

    "Eram ferimentos de guerra", afirma o professor Denis Safran, médico que atua nas operações de uma tropa de elite da polícia francesa, se referindo às vítimas do atentado na casa de shows Bataclan, em Paris, na sexta-feira (13), onde morreram 89 pessoas.

    Safran, que já havia atuado no ataque contra o supermercado judaico em Paris, em janeiro, participou de toda a operação no Bataclan, utilizando os mesmos tipos de proteção dos policiais, como colete à prova de balas e capacete.

    Ele foi um dos primeiros a entrar na casa de shows com a Brigada de Busca e Intervenção (BRI, na sigla em francês), quando os terroristas ainda estavam vivos.

    Reprodução/France 2
    Médico que socorreu feridos descreveu ‘cena de guerra’ no Bataclan - O doutor Denis Safran foi um dos primeiros a entrar no Bataclan. Foto: reprodução de imagem transmitida pelo canal France 2
    O doutor Denis Safran foi um dos primeiros a entrar no Bataclan

    "Só havia ferimentos hemorrágicos a balas, em grande número. É o tipo de situação que encontram os médicos de guerra. Na França, não estamos habituados a esse tipo de cena", disse o médico à BBC Brasil.

    Apesar de exercer a medicina há 44 anos e de já ter participado de inúmeras operações policiais, Safran, que também atua como consultor para o Ministério do Interior, diz "jamais ter visto cenas como essas".

    "Havia tantos corpos misturados no chão, mortos em meio a feridos pedindo socorro", conta o médico.

    "Já vi muitos feridos graves na minha carreira, mas não um número tão grande."

    Logo ao entrar no local, ele diz ter ficado chocado com o número de mortos, "muito jovens", de feridos em estado muito grave e de potenciais vítimas, já que os dois terroristas vivos, que estavam no primeiro andar da casa de shows, poderiam continuar atirando ou causar uma explosão.

    O terceiro terrorista, que tinha ficado no no térreo, já havia sido abatido por um policial. Ele foi o único que não detonou sue cinto de explosivos.

    Na urgência, para tentar salvar vidas, Safran conta que precisou pular os corpos de pessoas que já tinham morrido.

    "Era uma cena de execução. Ferimentos a bala na cabeça, no tórax, nas costas. As pessoas foram assassinadas metodicamente", disse Safran à BBC Brasil.

    "Fiquei chocado ao ver tantas vítimas tão jovens", diz. O número de feridos encaminhados a ele era tão grande que o médico ficou sobrecarregado.

    "Somos obrigados a estabelecer prioridades para tentar salvar os que podem ser salvos."

    Ele também auxiliou os reféns a escapar. "Disse aos menos inválidos para levantar e fugir." Outros foram retirados pelo telhado, onde haviam conseguido se esconder.

    Alguns reféns chegaram até mesmo a quebrar o teto de um dos banheiros e se esconder no forro.

    Safran afirma que a tomada de reféns no supermercado judaico Hyper Cacher, em janeiro, foi uma operação mais simples.

    Isso porque, diz o professor, no supermercado houve menos mortos (quatro) e feridos e havia também apenas um terrorista, Amedy Coulibaly.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024