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    Jipe lunar chinês tem falha mecânica que pode comprometer missão

    SALVADOR NOGUEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    29/01/2014 02h46

    O jipe robótico lunar Yutu pode ver sua missão prematuramente encerrada, após uma falha mecânica.

    Os chineses até agora não deram muitos detalhes do problema, mas as informações circulando dão conta de que o veículo foi incapaz de executar uma sequência de dobragem de seus painéis solares para enfrentar os rigores da fria noite na Lua.

    Sem atmosfera, as temperaturas na escuridão da Lua despencam a -170 graus, e leva 14 dias até que o Sol volte a nascer.

    A dobragem dos painéis tinha por objetivo conservar o calor do jipe, produzido por uma fonte radioativa, e apontar um deles na direção do horizonte, para que ele pudesse captar a energia solar logo no nascente.

    Peter Parks/AFP
    A missão chinesa foi a primeira a fazer um pouso lunar suave desde 1976
    A missão chinesa foi a primeira a fazer um pouso lunar suave desde 1976

    Foi o que aconteceu com sucesso durante a primeira noite lunar, enfrentada entre o fim de dezembro e o começo de janeiro.

    No último dia 11, o jipe despertou com sucesso e retomou suas atividades. Mas no último dia 25, antes de "dormir", o Yutu encontrou problemas para executar os comandos enviados da Terra.

    Correndo contra o tempo para conseguir executar a dobragem dos painéis antes do pôr do Sol, os engenheiros chineses não conseguiram resolver o problema.

    "Dificuldades para fechar os painéis poderiam estar relacionadas com o fenômeno conhecido como 'cold welding' [soldagem a frio], mas não acredito que os chineses não tenham testado muito bem a operacionalidade dos dispositivos nas temperaturas extremas da Lua", afirma José Sérgio de Almeida, especialista em controle térmico de satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos.

    Ele acredita que é preciso esperar mais tempo para saber exatamente o que aconteceu, mas as notícias preliminares que vem de Pequim não são animadoras. Ao que tudo indica, o Yutu vai passar 14 dias terrestres desprotegido. Provavelmente não resistirá ao frio.

    Contudo, a missão não perde seu valor histórico. Foi o primeiro pouso suave na Lua em 36 anos. Além disso, a coleta de dados científicos ainda não acabou. O módulo de pouso Chang'e-3 segue operacional.

    O problema pode afetar o cronograma de exploração lunar da China, que contava com uma réplica do Yutu para a Chang'e-4, a ser lançada em 2015. O problema ocorrido na missão anterior terá de ser identificado e corrigido antes desse novo lançamento.

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