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    Franceses republicam estudo sobre milho transgênico acusado de falhas

    MAURÍCIO TUFFANI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/06/2014 01h55

    Quase dois anos após relatarem mortes e danos em rins, fígado e glândula pituitária e tumores cancerígenos de ratos alimentados com milho transgênico em um estudo que depois foi retratado devido a falhas de método, pesquisadores franceses divulgaram na terça-feira (24) um novo artigo sobre o trabalho.

    Publicado na revista científica alemã "Environmental Sciences Europe", o estudo reafirmou os efeitos apontados no artigo anterior em ratos alimentados com o milho NK603, da Monsanto. Geneticamente modificadas para gerar plantas resistentes ao herbicida Roundup, da mesma empresa, as sementes NK603 são usadas no Brasil desde 2008.

    Os dois estudos foram coordenados por Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França. O primeiro, publicado em setembro de 2012 na revista "Food and Chemical Toxicology" ("JFCT"), se baseou em 90 dias de alimentação de 20 cobaias e, o segundo, em um período de 600 dias com 15 das que haviam sobrevivido.

    CRÍTICAS
    Vários pesquisadores acusaram falhas metodológicas no primeiro artigo. Uma das reclamações veio da Anbio (Associação Nacional de Biossegurança), assinada pela bióloga Lúcia Helena de Souza e e pela química Leila Macedo Oda, presidente da entidade. Elas afirmaram que algumas das conclusões do estudo não tinham suporte nos resultados apresentados.

    Além disso, nota da Anbio destacou que foram usadas apenas dez cobaias machos e dez fêmeas, e que deveriam ter sido pelo menos 50 de cada sexo, conforme recomendação para pesquisas sobre toxicidade da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

    Na retratação em janeiro deste ano, o editor-chefe da "JFCT", A. Wallace Hayes, também questionou as conclusões sobre mortes e tumores, os quais são comuns na linhagem albina de ratos Sprague-Dawley, que foi usada no estudo. Mas Hayes ressaltou que os resultados obtidos não poderiam ser simplesmente desconsiderados.

    EXPLICAÇÃO
    Em entrevista à revista britânica "Nature", Henner Hollert, editor-chefe da "Enviroment Sciences Europe", cujo acesso pela internet é livre, diferentemente da "JFCT", disse que o novo estudo não passou pela revisão por pares e que sua republicação teve apenas o objetivo de possibilitar acesso aos dados do trabalho de Séralini e sua equipe.

    A Monsanto do Brasil afirmou que as conclusões do novo artigo não são fundamentadas pelos dados apresentados e são inconsistentes com várias experiências e estudos científicos. A empresa apresentou pareceres favoráveis ao NK603 de órgãos dos governos da Alemanha, Austrália, Bélgica, Dinamarca, França, Nova Zelândia e de instituições de pesquisas de outros países.

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