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    Fapesp fecha acordo para participar de megatelescópio no Chile

    SALVADOR NOGUEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/07/2014 19h57

    O Estado de São Paulo acaba de formalizar sua adesão ao consórcio internacional que constrói um dos megatelescópios de próxima geração para a astronomia, o GMT (Giant Magellan Telescope), com 25 metros de diâmetro.

    A ser erguido no Chile sob liderança de americanos, australianos e sul-coreanos, o projeto deve começar operações em 2021. O custo total da iniciativa é de US$ 880 milhões, dos quais US$ 40 milhões sairão da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

    "Os termos do acordo são muito vantajosos", diz Cássio Leandro Barbosa, astrônomo da Univap (Universidade do Vale do Paraíba). "Teremos 4% do tempo para o Brasil gerenciar como quiser."

    O GMT é um dos concorrentes do ELT (Extremely Large Telescope), com 39 metros de diâmetro, um projeto do ESO (Observatório Europeu do Sul), do qual o Brasil é membro provisório. O governo federal havia assinado um acordo em 2010 para integrar a organização europeia e ter acesso ao ELT, a um custo de US$ 371 milhões. Até hoje o Congresso Nacional não aprovou a liberação da verba.

    No ELT, o Brasil não tem garantia de tempo de telescópio -cada projeto individual é julgado pelo mérito científico. No caso do GMT, uma comissão brasileira julga o mérito dos projetos, mas o tempo do país está garantido.

    Barbosa também destaca a possibilidade real e imediata de participar da construção da infraestrutura que dará suporte ao telescópio. "Também poderemos desenvolver instrumentação futura", diz.

    CONCORRÊNCIA

    Com a demora do Congresso Nacional em ratificar o acordo com o ESO, os europeus já começam a temer que a adesão do Brasil tenha subido no telhado. Oficialmente, o ESO se diz confiante de que tudo ainda está nos eixos para a entrada brasileira na organização.

    Em entrevista à revista "Nature", o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, diz que o plano paulista é estender o acesso ao GMT a pesquisadores de fora de São Paulo, repartindo os custos com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo ele, a negociação estaria "bem avançada".

    A entrada no GMT tornaria desinteressante para o Brasil ter acesso a um segundo megatelescópio, por meio do ESO? "Posso estar sendo otimista demais, mas para mim os dois podem conviver juntos", diz Barbosa. "Apesar de haver uma grande intersecção entre o que os dois farão, haverá instrumentos com características diferentes em ambos, de modo que em muitos casos haverá complementação e não competição entre eles."

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