A semelhança entre seres humanos e chimpanzés inclui, pelo visto, até o apego pela guerra.
Uma análise de registros de mortes violentas entre os primos mais próximos do homem indica que dois terços delas ocorrem em conflitos entre bandos de chimpanzés.
O resultado, publicado na revista "Nature", tem como objetivo colocar fim a uma antiga polêmica. Embora haja abundância de observações de conflitos letais entre chimpanzés, alguns especialistas atribuíam essas mortes à interferência humana.
Andrew Bernard/Divulgação | ||
Chimpanzé ferido após briga com outro animal no Parque Nacional Kibale, na Tanzânia |
Segundo os defensores dessa ideia, o caso mais emblemático seria o dos chimpanzés de Gombe, na Tanzânia. A britânica Jane Goodall, pioneira no estudo dos bichos, costumava trazer bananas para os macacos.
Havia quem dissesse que os conflitos entre os chimpanzés de Gombe estariam ligados à disputa por esse alimento.
Em outros lugares, o desmatamento seria a causa dos combates símios.
Para tirar a dúvida, a equipe liderada por Michael Wilson, da Universidade de Minnesota, mapeou mais de 150 mortes violentas dos grandes macacos. Os dados englobam 18 grupos de chimpanzés-comuns e quatro de bonobos ou chimpanzés-pigmeus.
O veredicto: não há correlação entre degradação ambiental ou "doações" de comida e índices de violência. Alguns dos grupos mais brigões são os que vivem em áreas quase intactas.
Os dados apontam outra semelhança com os conflitos humanos: em mais de 90% dos casos, são os machos que matam. E, em mais de 70% das ocorrências, as vítimas também são machos.
"Já tentamos comparar esses dados com os de grupos de caçadores-coletores humanos. As taxas parecem ser similares", diz Wilson.