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    Peruanos acham vilas de 13 mil anos a 4.500 metros de altitude

    REINALDO JOSÉ LOPES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/10/2014 02h00

    Colonizar um platô gélido 4.500 metros acima do nível do mar não parece a coisa mais esperta a se tentar fazer em plena Era Glacial, mas alguns dos primeiros habitantes das Américas resolveram se fixar lá –e sobreviveram muito bem, obrigado.

    A descoberta dos sítios arqueológicos de Pucuncho e Cuncaicha, ocupados 13 mil anos atrás nos Andes peruanos, surpreendeu especialistas que não esperavam ver altitudes tão grandes habitadas tão cedo nas Américas.

    Kurt Rademaker/Reuters
    Abrigo na rocha nos Andes peruanos onde foram achadas evidências de antiga ocupação humana

    A situação, na verdade, é bem mais complicada que a de um time de futebol do Brasil que precisa se preparar com antecedência para jogar em La Paz, na Bolívia. Passar a vida toda em tais elevações exige adaptações biológicas à altitude, encontradas hoje em povos nativos dos Andes e do Himalaia, como transporte mais eficiente de oxigênio no sangue e até um formato diferenciado do tórax.

    No entanto, alguns séculos depois da chegada do ser humano à América do Sul, lá estavam os moradores de Pucuncho e Cuncaicha, relata estudo na revista "Science".

    Isso pode significar que adaptações culturais (como roupas e abrigos) teriam sido suficientes para a vida nas alturas, ou então que a adaptação biológica à altitude se desenvolve mais rápido do que se imaginava, disse à Folha o coordenador da pesquisa, Kurt Rademaker, da Universidade do Maine (EUA).

    "A colaboração entre arqueólogos e geneticistas vai ser a chave para sanar essa dúvida", afirma ele. "As respostas vão ser um aporte interessante para o nosso conhecimento sobre como os seres humanos se adaptam a ambientes desafiadores."

    Apesar do frio, a região possuía recursos. Povos locais viviam caçando guanacos, vicunhas (animais parentes das lhamas) e tarucas (espécie andina de veado).

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