A sonda Rosetta e o módulo Philae prometem uma revolução na compreensão dos cometas, objetos ligados à formação do Sistema Solar e talvez até à origem da vida – cometas são ricos em compostos orgânicos, e é bem possível que eles tenham trazido essas moléculas para cá, viabilizando a vida na Terra.

Não prenda a respiração, porém. Vai demorar.

Aliás, a ESA já tem sido criticada pela morosidade com que divulga resultados científicos da missão.

A agência europeia adota um modelo para seus satélites científicos diferente do usado por sua contraparte americana, a Nasa.

Enquanto nos Estados Unidos os instrumentos embarcados nas espaçonaves ficam sob controle da agência, que pode dispor de seus produtos como bem entender, na Europa eles são propriedade dos diversos cientistas responsáveis e das instituições que os desenvolveram.

Sob controle dos pesquisadores, o fluxo de divulgação é naturalmente menor –eles tendem a conservar o material para ter prioridade em sua análise. E têm por regra o direito de manter acesso exclusivo aos dados por seis meses.

Não é injusto, uma vez que faz sentido proteger os cientistas que se esforçaram por anos a fio para colher os resultados.

Contudo, do ponto de vista da divulgação ao público, tudo fico lento ante o imediatismo da internet. A ESA acaba sem controle de quando e como apresentar as novas descobertas feitas por suas missões.

Provavelmente prevendo uma nova saraivada de críticas após o pouso, o diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain, apresentou os resultados de ontem com uma ressalva.

"O que posso dizer? Nós pousamos. Pousamos no lugar certo. É o cometa certo, não se preocupem. Temos conexão por rádio e temos energia a bordo. Quando você tem rádio e energia, você coleta dados, e é isso que meus colegas estão fazendo agora".

Foi um jeito de dizer que ainda não é hora de cobrar resultados.