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    Robôs inteligentes podem levar ao fim da raça humana, diz Stephen Hawking

    SALVADOR NOGUEIRA
    COLABORAÇÃO PARA FOLHA

    16/12/2014 02h03

    O físico britânico Stephen Hawking está causando novamente. Em entrevista à rede BBC, ele alertou para os perigos do desenvolvimento de máquinas superinteligentes.

    "As formas primitivas de inteligência artificial que temos agora se mostraram muito úteis. Mas acho que o desenvolvimento de inteligência artificial completa pode significar o fim da raça humana", disse o cientista.

    Ele ecoa um número crescente de especialistas –de filósofos a tecnologistas– que aponta as incertezas trazidas pelo desenvolvimento de máquinas pensantes.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
    Robô

    Recentemente, outro luminar a se pronunciar foi Elon Musk, sul-africano que fez fortuna ao criar um sistema de pagamentos para internet e agora desenvolve foguetes e naves para o programa espacial americano.

    Em outubro, falando a alunos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), lançou um alerta parecido.

    "Acho que temos de ser muito cuidadosos com inteligência artificial. Se eu tivesse que adivinhar qual é a nossa maior ameaça existencial, seria provavelmente essa."

    Para Musk, a coisa é tão grave que ele acredita na necessidade de desenvolver mecanismos de controle, talvez em nível internacional, "só para garantir que não vamos fazer algo bem idiota".

    SUPERINTELIGÊNCIA

    A preocupação vem de longe. Em 1965, Gordon Moore, co-fundador da Intel, notou que a capacidade dos computadores dobrava a cada dois anos, aproximadamente.

    Como o efeito é exponencial, em pouco tempo conseguimos sair de modestas máquinas de calcular a supercomputadores capazes de simular a evolução do Universo. Não é pouca coisa.

    Os computadores ainda não ultrapassaram a capacidade de processamento do cérebro humano. Por pouco.

    "O cérebro como um todo executa cerca de 10 mil trilhões de operações por segundo", diz o físico Paul Davies, da Universidade Estadual do Arizona. "O computador mais rápido atinge 360 trilhões, então a natureza segue na frente. Mas não por muito tempo."

    Alguns tecnologistas comemoram essa ultrapassagem iminente, como o inventor americano Ray Kurzweil, que atualmente tem trabalhado em parceria com o Google para desenvolver o campo da IA (inteligência artificial).

    Ele estima que máquinas com capacidade intelectual similar à humana surgirão em 2029. É mais ou menos o de tempo imaginado por Musk para o surgimento da ameaça.

    "A inteligência artificial passará a voar por seus próprios meios, se reprojetando a um ritmo cada vez maior", sugeriu Hawking.

    O resultado: não só as máquinas seriam mais inteligentes que nós, como estariam em constante aprimoramento. Caso desenvolvam a consciência, o que farão conosco?

    Kurzweil prefere pensar que nos ajudarão a resolver problemas sociais e se integrarão à civilização. Mas até ele admite que não há garantias. "Acho que a melhor defesa é cultivar valores como democracia, tolerância, liberdade", disse à Folha.

    Para ele, máquinas criadas nesse ambiente aprenderiam os mesmos valores. "Não é uma estratégia infalível", diz Kurzweil. "Mas é o melhor que podemos fazer."

    Enquanto Musk sugere um controle sobre a tecnologia, Kurzweil acredita que já passamos o ponto de não-retorno –estamos a caminho da "singularidade tecnológica", quando a IA alterará radicalmente a civilização.

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