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    Na Antártida, não faça xixi contra o vento, recomenda cientista

    MATEUS LUIZ DE SOUZA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/01/2015 02h02

    Divulgação
    Pesquisadores brasileiros da UFRGS fazem expedição ao continente antártico
    Pesquisadores brasileiros da UFRGS fazem expedição de 200 km por dia, por 11 dias, na Antártida

    O glaciologista Jefferson Simões dá a dica aos novatos: "Na hora do xixi, é como fazer na rua, só que tem que ser de costas para o vento, senão congela."

    Outras necessidades fisiológicas impõem maiores dificuldades. Fezes são feitas em uma barraca dedicada a isso, em cima de uma tampa especial –os pesquisadores não deixam resíduos sólidos para trás.

    O detrito é armazenado em sacos, guardados dentro de tonéis. Ao fim, tudo é enviado de avião para o Chile, onde o tonel é devidamente descartado.

    A alimentação é hipercalórica, pois o próprio organismo produz o calor disponível dentro das roupas ou do saco de dormir. Os cientistas levaram um total de 100 kg de comida.

    No café da manhã, granola, aveia, queijo, café e chocolate quente. No almoço, algum tipo de miojo com molho. À noite, comida de verdade: purê de batata, massas e carnes, que haviam sido congeladas –o que, na Antártida, não é muito complicado...

    Para aquecer os alimentos, um fogareiro de gasolina pressurizada. Utiliza-se a própria neve para fazer água. Como ela é totalmente pura, é preciso adicionar sais minerais.

    Os pesquisadores passaram os 11 dias sem banho. Escovavam os dentes uma vez por dia –a tarefa é penosa porque a mão congela. Se há coceira, tem de esperar passar. É quase impossível encostar na pele com três a cinco camadas de roupa por cima.

    Para dormir, montam-se acampamentos. As barracas são isotérmicas, com duas camadas. A temperatura dentro delas varia de -10°C a 5°C. Os pesquisadores também utilizam sacos de dormir de pena de ganso, especialmente quentes.

    O café da manhã era às 8h. Em seguida, os cientistas partiam para uma jornada de 200 km por dia, parando a cada 10 km para retirar uma amostra superficial da neve e a cada 100 km a perfuração era maior, de cinco metros.

    Às 21h, começavam a montar novamente o acampamento. Às 23h, era hora do jantar, para, enfim, descansar.

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