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    Lua de Saturno pode abrigar vida, apontam observações do Hubble

    KENNETH CHANG
    DO "NEW YORK TIMES"

    28/03/2015 02h00

    NASA
    Concepção artística de auroras em Ganimedes; lua de Júpiter pode ter oceano coberto de gelo
    Concepção artística de auroras em Ganimedes; lua de Júpiter pode ter oceano coberto de gelo

    Oceanos cobertos de gelo parecem ser bastante comuns no Sistema Solar, e um deles, numa pequena lua de Saturno, parece ter temperatura elevada.

    Na revista "Nature", cientistas relataram ter encontrado evidências da presença de espiráculos hidrotérmicos em Encélado, uma lua de Saturno, com temperaturas de mais de 90°C em seu núcleo rochoso.

    Se for confirmada, a descoberta fará de Encélado o único lugar, além da Terra, onde sabe-se que ocorre reações químicas entre a rocha e a água aquecida, fazendo desse satélite um lugar promissor para procurar vida.

    "O mais surpreendente é a alta temperatura", disse Hsiang-Wen Hu, da Universidade do Colorado, principal autor do estudo.

    Em artigo no "Journal of Geophysical Research: Space Physics", outra equipe relatou sinais de outro oceano recoberto de gelo, em Ganimedes, a maior das luas de Júpiter. Cientistas já estão convencidos da existência de um grande oceano, também coberto de gelo, em outra lua jupiteriana, Europa. A nave Galileo, da Nasa, também encontrou indícios de água oculta em Ganimedes e em mais uma das luas de Júpiter, Callisto.

    Feitas com o Telescópio Espacial Hubble, as novas pesquisas condizem com indícios anteriores. Christopher P. McKay, da Nasa, a agência espacial dos EUA, comentou: "É maravilhoso sair para o Sistema Solar exterior e encontrar água, água em toda parte".

    No caso das descobertas sobre Encélado, Hsu e seus colegas basearam suas conclusões em partículas de poeira que a nave Cassini, da Nasa, encontrou depois de entrar na órbita de Saturno.

    Instrumentos determinaram que as partículas tinham alto teor de silício, mas pouco ou nada de metais como sódio ou magnésio.

    Hsu disse que a poeira provavelmente é sílica, molécula feita de um átomo de silício e dois de oxigênio e que está à base do mineral quartzo. Experimentos mostraram que água alcalina, aquecida a até 90 graus, pode produzir partículas de sílica.

    O que não se sabe é como o interior de Encélado, que tem apenas 504 quilômetros de largura, fica tão quente assim.

    As evidências anteriores da existência de um oceano em Ganimedes vêm de medições magnéticas feitas durante voos da sonda Galileo, que indicaram a presença de uma camada condutora debaixo da superfície. O gelo não é um condutor, mas a água salgada, sim. Entretanto, as leituras também poderiam ser explicadas por anomalias no campo magnético de Ganimedes.

    Na nova pesquisa, o telescópio Hubble observou as luzes tremeluzentes das auroras de Ganimedes.

    Quando Júpiter completa cada rotação, a cada dez horas, a mudança de seu campo magnético leva as auroras a oscilar. Simulações computadorizadas mostraram que, se Ganimedes fosse congelada, suas auroras oscilariam seis graus. Mas os sais de um oceano debaixo de gelo gerariam um campo magnético que neutralizaria esse efeito, e as auroras oscilariam apenas dois graus. As auroras oscilaram dois graus.

    Agora os cientistas estão aplicando essa abordagem à lua Io, que não tem um oceano de água, mas pode possuir um oceano subterrâneo de magma que amorteceria a oscilação das auroras. Algum dia essa técnica pode ser empregada para explorar planetas que orbitam estrelas distantes.

    Como lugar com possibilidades de abrigar vida, Ganimedes é menos promissora, porque seu oceano parece estar ensanduichado entre camadas de gelo. Já Encélado parece possuir todos os ingredientes necessários –calor, água líquida e moléculas orgânicas.

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