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    Colisor de partículas volta à ativa e tenta explicar matéria invisível

    GIULIANA MIRANDA
    ENVIADA ESPECIAL A MEYRIN (SUÍÇA)

    10/04/2015 02h05

    Parado desde 2013 para um amplo processo de modernização e atualizações, o LHC –maior e mais potente acelerador de partículas do mundo– voltou à ativa nesta semana.

    A segunda fase de operações do anel de 27 km, na fronteira entre a Suíça e a França, tem a difícil missão de superar a primeira, que em três anos desvendou um quebra-cabeças da física e levou um Prêmio Nobel.

    A energia das colisões vai quase dobrar, atingindo 13 TeV (eram 8 TeV antes da pausa). Nos corredores do LHC, os pesquisadores têm palpites nada modestos sobre as descobertas que a enxurrada de dados poderá proporcionar.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A maior expectativa é que eles possam explicar a matéria escura. Invisível, a misteriosa entidade é responsável por 85% da força gravitacional do Universo, mas ninguém sabe bem o que ela é.

    Outra aposta diz respeito à supersimetria, teoria segundo a qual as partículas conhecidas teriam uma versão bem mais pesada, com características "espelhadas". Os novos experimentos também poderiam dizer se existem outras dimensões no Universo.

    A gravidade é bem mais fraca do que as outras forças fundamentais. Há quem teorize que isso aconteceria porque ela se espalha por outras dimensões. Testar tal conceito sempre foi muito difícil, mas as colisões do LHC turbinado poderiam resolver o problema, identificando partículas que deveriam ocorrer segundo a previsão destas teorias.

    "Supersimetria, matéria escura"¦ Certamente nós temos muitas apostas, mas são os resultados inesperados aqueles que nos interessam mais. Estamos muito animados", disse à Folha Dave Charton, físico que trabalha em um dos detectores do LHC.

    Para alguns críticos, a descoberta do bóson de Higgs já no primeiro ciclo de colisões tornou o LHC uma geringonça de US$ 10 bilhões com pouca justificativa de ser.

    No entanto, nos corredores do Cern (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), o clima é de alívio. Sem a pressão em torno da comprovação da partícula, os esforços do time de cientistas poderão se intensificar, repetem os cientistas.

    O trabalho de "recauchutagem" do LHC foi exaustivo. Trata-se de um máquina única, subterrânea e com milhões de componentes. Antes do retorno, um curto-circuito adiou em uma semana o reinício dos trabalhos.

    Durante os dois anos em que o LHC esteve fechado, os cientistas consolidaram mais de 10 mil interconexões no ímãs que garantem o funcionamento da máquina. Além disso, adicionaram sistemas de proteção magnéticos e aperfeiçoaram os esquemas de resfriamento e vácuo e os componentes eletrônicos.

    "Não é como reiniciar o computador de casa", brinca o físico Paolo Giubelino.

    Além disso, com a maior velocidade das colisões, haverá aumento no volume de dados gerado. Por isso, é preciso garantir que os sensores e computadores do acelerador aguentarão o tranco.

    Por enquanto, o LHC está só "aquecendo". As colisões devem começar até o junho.

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