Retirado da lista de espécies ameaçadas de extinção no Brasil no final do ano passado, o papagaio-de-cara-roxa, natural da Mata Atlântica, nunca viu sua população ser tão grande em um censo.

Realizado há 13 anos pela ONG SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), o estudo encontrou 7.464 animais no Paraná –que tem a maior população do animal. O número é 24% superior ao do ano passado e quase o dobro ao de 2003.

	Divulgação/SPVS
	Papagaio-de-cara-roxa é avaliado por pesquisadores da ONG SPVS

Segundo a bióloga e coordenadora do projeto, Elenise Sipinski, o crescimento é "moderado" e atesta o efeito das medidas de preservação e conscientização que vêm sendo adotadas há anos.

Ninhos artificiais, por exemplo, feitos de caixas de madeira ou tubos de PVC, tem sido construídos pela equipe e por moradores desde 1998, a fim de compensar a derrubada de árvores ocas, que serviam como ninho natural. Neste ano, dos 110 instalados, 83 estavam ocupados –deles, saíram 87 novas aves.

Campanhas de conscientização com a população local também surtiram efeito.

Alguns moradores tinham o hábito de coletar filhotes ainda no ninho e presentear amigos ou até vendê-los. Hoje, isso não é comum, e os habitantes são parceiros na preservação dos animais.

Para Sipinski, o aumento do turismo local e a pressão imobiliária, ainda podem ameaçar a espécie.

"Eles estão concentrados numa área muito pequena. Qualquer coisa que aconteça ali pode desequilibrar."

Havia, segundo a pesquisadora, uma pequena população de papagaios no litoral norte de Santa Catarina, mas faz 20 anos que não há registro deles.