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    Estudo do analfabetismo científico nos EUA tem resultado preocupante; faça o teste

    DE SÃO PAULO

    14/09/2015 02h00

    Um mapeamento do analfabetismo científico nos EUA mostra uma situação não muito confortável para o país.

    Menos de metade dos americanos entende minimamente como funciona um laser e quase 40% têm dificuldades sérias para dizer o que é uma reação química –pensam, por exemplo, que a água em ebulição se enquadra aí.

    Infelizmente, não há estudos de grande porte similares no Brasil. Nos Estados Unidos, o Pew Research Center faz levantamentos periódicos. A última edição, cujos resultados foram divulgados na semana passada, entrevistou 3.200 adultos no país.

    Você pode se submeter a uma versão do teste americano abaixo, com treze perguntas simples sobre ciência -em tese, tudo foi ensinado na escola ou está com bastante frequência na imprensa, então uma pessoa razoavelmente instruída deveria ter um desempenho bastante bom.

    Na média, o homem americano acerta 8,6 dos 13 itens, contra 7,7 acertos das mulheres. Não se sabe exatamente qual a razão da diferença entre os sexos, mas pode ser uma consequência do maior número de homens que optam por carreiras em ciência.

    Quando os dados dos estudos são analisados por área, homens vão melhor especialmente em temas ligados à física ou à matemática; em biologia não há muito diferença. Na questão 11, abaixo, sobre estudos clínicos de medicamentos, as mulheres foram até melhor do que os homens –78% de acerto contra 72%.

    Quiz: Teste se você sabe mais ciência do que um americano médio

    Não há dados para o Brasil. Como tanto o número médio de anos de instrução quanto a acesso a livros e jornais são mais limitados por aqui, é possível especular que os números seriam mais baixos.

    Os dados ganharam repercussão porque a perda comparativa de competitividade dos EUA em ciência tem causado preocupação no país.

    A Associação Americana para o Avanço da Ciência divulgou um pesquisa entre seus membros mostrando só uma pequena fatia (16%) deles considera que o ensino de ciências americano é adequado e se situa entre os melhores do mundo.

    Best-sellers têm surgido apontando que os EUA estão ficando para trás nesse campo. Um deles, "Éramos Nós", do jornalista do "The New York Times" Thomas Friedman, traz um relato bastante pessimista sobre a perda da vantagem comparativa do país em ciência.

    Ele aponta até certo desprezo cultural das famílias americanas pela educação científica. Cita um concurso nacional promovido pela Intel para premiar os estudantes de ensino médio que se destacam em ciências no país. Veja a lista de nome dos ganhadores de uma edição recente:

    Linda Zhou, Alice Wei Zhao, Lori Ying, Angela Yu-Yun Yeung, Lynnelle Lin Ye, Kevin Young Xu, Benjamin Chang Sun, Jane Yoonhae Suh, Katheryn Cheng Shi, Sunanda Sharma, Sarine Gayaneh Shahmirian, Arjun Ranganath Puranik, Raman Venkat Nelakant...

    "Não, sinto muito, não era a lista de convidados para um jantar em prol da amizade entre China e Índia", escreve ele. Os premiados, quase que na totalidade, eram filhos de imigrantes.

    "Conforme a ciência se torna cada vez mais importante para questões políticas, o conhecimento do assunto fica mais crucial", diz Cary Funk, um dos autores do estudo do Pew Research Center.

    Ela cita questões como financiamento da exploração espacial, mudança climática ou plantas geneticamente modificadas como temas contemporâneos importantíssimos que dependem do conhecimento científico para serem debatidos pelo público que vota e paga impostos.

    Há ainda questões médicas, como os limites éticos de pesquisas com células-tronco ou o uso abusivo de antibióticos, para citar dois exemplos, cuja compreensão fica limitada se a pessoa não entende nada de ciência.

    Isso sem falar nas próprias limitações ao desenvolvimento tecnológico que a falta de um quorum de gente preparada em ciência inevitavelmente traz. Países com ensino científico ruim, como o Brasil, tendem a inovar pouco, tornando-se eternos compradores de tecnologia, e a ter produtividade –e também renda– mais baixas.

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