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    Presidente do hospital Albert Einstein lança livro sobre tecnologia e saúde

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    07/12/2015 02h00

    Muitos idosos não precisam de tratamento, mas sim de cuidados. O fato de não haver uma política para esse fim onera os serviços de saúde, não agrega valor e vem transformando hospitais em casas de longa permanência.

    É o que diz o médico Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, que lança nesta terça (8) o livro "Saúde e Cidadania - A Tecnologia a Serviço do Paciente e Não o Contrário".

    Na obra, Lottenberg aborda os atuais desafios dos sistemas de saúde, como o envelhecimento da população, o futuro do médico e a incorporação correta de novas tecnologias. A seguir, trechos da entrevista à Folha.

    *

    Folha - Como o sr. avalia a atual política para idosos?
    Claudio Lottenberg - Um verdadeiro caos. O idoso está sendo tratado quando, muitas vezes, deveria ser cuidado. Isso requer uma estrutura humanizada e menos onerosa. O fato disso não estar sendo devidamente equacionado não agrega valor e vem transformando hospitais em casas de longa permanência. Quem não está doente acaba tendo que conviver em estruturas destinadas a quem está. Uma inversão total de valores.
    Isso ainda é fruto de indefinições e de uma visão rasa da política de seguridade social para a qual o idoso se aposenta jovem e sem um suporte econômico que permita envelhecer adequadamente.

    No livro, o sr. diz que certas atividades médicas poderão ser realizadas por máquinas. Qual o futuro do médico?
    O médico não desaparecerá num cenário de automatização, mas passará a exercer papéis diferentes, fruto de outras incorporações tecnológicas e outras necessidades dos cidadãos. Um bom exemplo são os exames de laboratório, que hoje são feitos de maneira automática, mas nem por isso deixaram de necessitar de médicos para controlar a qualidade e avaliá-los dentro do contexto clínico.

    Como distinguir tecnologias que agregam benefícios das que só geram custos?
    A questão é colocar em prática mecânicas que não só comprovem segurança e eficiência, mas que as comparem com tecnologias vigentes. Isso significa dizer, por exemplo, o número de anos de vida ganhos, comparado com algo que já existe.

    O Big Data ajudará muito pois mostrará que certos incrementos aumentam o custo, mas não a sobrevida.

    O médico também vai ter de conhecer economia de saúde e transmitir ao paciente esse contexto de forma consistente, honesta e humana. Não basta apontar caminhos que não agreguem valor.

    A discussão sobre a remuneração por competência parece fundamental, não?
    Sem dúvida. A percepção ainda é muito alinhada com volumes e não com qualidade e valor de entrega. As pessoas têm que começar a entender um pouco mais o que é qualidade e valor em saúde. É importante mudar o sistema de remuneração para algo que passe a premiar quem investe na medicina de valor. Ganham mais se cuidarem melhor das pessoas.

    Saúde e Cidadania - a tecnologia a serviço do paciente e não o contrário
    AUTOR Claudio Lottenberg
    EDITORA Atheneu
    QUANTO R$ 49 (112 págs.)
    LANÇAMENTO 8 de dezembro, das 18h30 às 21h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073, São Paulo)

    Edição impressa

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