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    Plantas carnívoras são capazes de contar, segundo pesquisa

    DO "NEW YORK TIMES"

    08/02/2016 02h00

    Plantas carnívoras alimentam a imaginação. Por isso, estão em livros de ficção científica e em uma pesquisa recente que concluiu que as dioneias, ou vênus papa-moscas, podem contar.

    Ninguém está dizendo que elas têm consciência de que estão contando. Ainda assim, essa é a primeira vez que alguém demonstra essa capacidade em uma planta, segundo o pesquisador que liderou a experiência, Rainer Hedrich, da Universidade de Wurzburg, na Alemanha.

    As dioneias vivem em solo empobrecido e retiram nutrientes dos insetos que capturam. Sua armadilha é um par de folhas que atuam como mandíbulas e estômago.

    Soenke Scherzer/The New York Times
    Células motoras da vênus papa-mosca agem quando recebem dois sinais em 20 segundos
    Células motoras da vênus papa-mosca agem quando recebem dois sinais em 20 segundos

    Quando um inseto toca os pelos que servem de gatilho na superfície das folhas, elas se fecham.

    Os cientistas sabiam que um inseto teria que bater nos gatilhos mais de uma vez para fazer com que a armadilha se fechasse, provavelmente para evitar gastos de energia com estímulos menores.

    Os pesquisadores notaram que a planta contava os impulsos elétricos que vinham dos pelos e constataram que as células motoras que fecham as folhas sobre as presas agiam apenas quando recebiam dois sinais em cerca de 20 segundos.

    Isso significa que, de alguma maneira, as células se lembravam do primeiro sinal por um curto período. Depois de 20 segundos, esse primeiro impulso elétrico era esquecido, reiniciando o processo.

    Uma vez capturada, os pesquisadores notaram que o mecanismo de digestão da presa só era acionado após três estímulos. Só então a planta começava a produzir enzimas digestivas.

    Sinais elétricos são produzidos a partir de mudanças bioquímicas que surgiram muito cedo na história da vida. "Uma simples célula pode ser excitada eletricamente", afirma Hedrich.

    Perguntado sobre a capacidade "intelectual" da dioneia em comparação a animais primitivos, como o verme C. elegans, ele brincou: "A dioneia é muito mais inteligente do que o C. elegans". Mas logo se conteve: "Que ele não me ouça".

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