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    Ossada mais antiga da América vira alvo de disputa judicial nos EUA

    CARL ZIMMER
    DO NEW YORK TIMES

    11/02/2016 02h00

    Jan Austin/Santa Monica College/The New York Times
    Esqueletos com cerca de 9.500 anos de idade
    Esqueletos com cerca de 9.500 anos de idade

    O Centro Arqueológico de San Diego, nos EUA, é dono de um par extraordinário de esqueletos. Com cerca de 9.500 anos de idade, eles estão entre os restos mortais humanos mais antigos já encontrados nas Américas.

    Inúmeros cientistas adorariam estudar esses ossos, utilizando técnicas para extrair qualquer DNA que possa ter sobrevivido em seu interior.

    "Esqueletos antigos assim são muito importantes para compreendermos o que aconteceu no passado da América do Norte", afirmou Brian Kemp, antropólogo molecular da Universidade do Estado de Washington.

    Mas há muitos anos os ossos estão longe dos especialistas, alvo de batalha legal travada por três cientistas da Universidade da Califórnia contra a própria instituição e os Kumeyaay, grupo de tribos de nativos americanos.

    Os esqueletos foram encontrados na comunidade La Jolla, em San Diego, em 1976, por uma equipe de arqueólogos que escavava em terras que pertencem à Universidade da Califórnia. Em 2006, um grupo de tribos afirmou ser proprietário dos esqueletos, e a universidade acabou por aceitar a transferência dos ossos. Para impedir a transferência, os cientistas entraram na Justiça.

    Depois de perderem nas primeiras instâncias, os pesquisadores envolveram em novembro a Suprema Corte dos EUA. Na semana passada, a corte não aceitou o caso, acabando com o último obstáculo à transferência.

    Steven Banegas, porta-voz do Comitê de Repatriação Cultural dos Kumeyaay, que declarou propriedade sobre os esqueletos, afirmou que as tribos se reuniriam para decidir o que fazer com os restos mortais. Ele não negou que os cientistas possam estudá-los. "Essas coisas ainda precisam ser discutidas."

    Na época em que os esqueletos foram encontrados, arqueólogos tinham relativa liberdade para fazer o que quisessem com os restos mortais de nativos americanos encontrados nas escavações.

    Isso mudou com a Lei de Proteção aos Túmulos de Nativos Americanos e de Repatriação de 1990. A lei foi uma reação a episódios terríveis na história da pesquisa de nativos americanos: ladrões de túmulos roubaram esqueletos e objetos sagrados, alguns guardados por museus.

    A lei criou procedimento em que nativos podem se apropriar de objetos culturais e restos mortais guardados em museus ou que sejam encontrados em terrenos públicos. Mais de 1,4 milhão de artefatos e ossos pertencentes a 50 mil povos foram transferidos de acordo com a lei.

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