Cerca de um em cada quatro brasileiros declara ter alguma deficiência, de miopia a cegueira, segundo o IBGE. Dependendo da limitação, a pessoa tem dificuldade para se integrar onde trabalha.
É nesse gargalo que Larissa Majerowicz, 23, resolveu atuar enquanto estudava administração na FIA (Fundação Instituto de Administração), onde se formou em 2015.
Ela criou uma consultoria para que o setor produtivo consiga inserir –pra valer– funcionários deficientes nos times. O trabalho deu origem à startup Exceptional Journey, com foco em surdez (que atinge 5% dos brasileiros).
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Larissa Majerowick criou consultoria para inclusão de portadores de necessidades no mercado |
Hoje, empresas com mais de cem funcionários devem ter, por obrigação legal, de 2% a 5% de trabalhadores com deficiência. A lei faz aniversário de 25 anos, mas muitas empresas patinam na execução, dizem especialistas.
"Muitas companhias preferem pagar a multa [por não cumprir a lei], diz Larissa. "Outras contratam pessoas com deficiência, mas pedem que eles fiquem em casa."
O trabalho levou o primeiro lugar de 106 concorrentes na última competição internacional "Sustainable Games" ("Jogos Sustentáveis").
É uma iniciativa de um braço da ONU com instituições como a Intel que busca modelos de negócios lucrativos de alunos, com foco social.
A proposta da jovem é trabalhar junto com a empresa para identificar potencialidades dos funcionários com deficiência e desenvolvê-las.
Para Valquíria Barbosa, gerente da Apae (Associação de Pais Amigos dos Excepcionais de São Paulo) de São Paulo, muitas empresas dizem que é difícil encontrar pessoas com necessidades especiais qualificadas.
O problema é que a exclusão começa na vida escolar e segue pela formação acadêmica. "Ainda existe escola sem acessibilidade e professores sem preparo", diz.
Esse tipo de serviço está começando no Brasil –justamente por isso, Larissa conseguiu desenvolver um plano de negócios lucrativo.
Algumas consultorias já trabalham para ajudar a empresa a cumprir as cotas. O "pulo do gato" do projeto, para Rodolfo Olivo, que dá aula de empreendedorismo na FIA, é incluir a integração dos funcionários à equipe.
"A empresa deixa de ver o funcionário como um ônus."
No prêmio, Larissa levou U$25 mil (quase R$90 mil) para decolar a sua consultoria.
Agora, busca mais investidores e está começando a aplicar o projeto-piloto em empresas brasileiras.
Ao todo, a competição teve 106 projetos de estudantes de graduação de todo o mundo, incluindo países de ponta, como a Alemanha. Depois de um filtro inicial, o finalista –a brasileira– saiu de uma apresentação pessoalmente feita em Nova Iorque.
Do lado das empresas, diz Valquíria Barbosa, gerente dos serviços socioassistenciais da APAE (Associação de Pais Amigos dos Excepcionais de São Paulo) de São Paulo, muitas argumentam que não preenchem as cotas porque é difícil encontrar pessoas com necessidades especiais qualificadas.
O problema, diz, é que a exclusão de quem tem deficiências mais limitantes começa no início da vida escolar e segue por toda a formação acadêmica. "Ainda existe escola sem acessibilidade e professores sem preparo para lidar com alunos com necessidades especiais", diz Valéria.
"Muitas crianças vão para a escola, mas não têm garantia de desenvolvimento. É preciso entender qual o tipo de apoio que a criança precisa", diz. "As barreiras não são apenas arquitetônicas."
A Apae trabalha com foco em deficiência intelectual que é, de acordo com Larissa, o maior desafio de inclusão no setor produtivo. Na consultoria, a proposta da jovem é trabalhar junto com a empresa para identificar potencialidades dos funcionários com deficiências e para desenvolvê-los.
Esse tipo de serviço está começando no Brasil –justamente por isso, Larissa conseguiu desenvolver um plano de negócios lucrativo. Algumas consultorias já trabalham no sentido de ajudar a empresa a cumprir a lei das cotas ou a treinar gestores a lidar com pessoas com deficiência.
O "pulo do gato" do projeto de Larissa, se acordo com Rodolfo Olivo, que dá aula de empreendedorismo na FIA e capitaneou o projeto, é a abordagem integrativa. "Esse trabalho é interessante porque a empresa deixa de ver o funcionário como um ônus", explica Olivo.
Como vencedora do prêmio, ela levou um montante de U$25 mil (quase R$90 mil) para decolar a sua consultoria no Brasil. Agora, busca mais investidores para a startup e está começando a aplicar o projeto-piloto em empresas brasileiras. Nas horas vagas? "Estudo libras. Preciso entender o que é ter uma limitação."
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