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    mosquito aedes aegypti

    Vacina de DNA contra zika consegue bons resultados em camundongos

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    29/06/2016 02h03

    Uma nova vacina de DNA conseguiu eficácia de 100% de imunização em camundongos contra a infecção por vírus da zika.

    A cepa utilizada nos experimentos foi isolada de casos da doença do Nordeste do Brasil em 2015 e foi produzida pela USP. Os resultados foram publicados nesta terça (28) pela revista "Nature".

    Os cientistas (a maioria, americanos) testaram em camundongos a nova vacina, composta por DNA recombinante –produzido em laboratório com o auxílio de microrganismos– que contém as instruções para fabricação de proteínas da estrutura do vírus da zika.

    Em uma vacina convencional é injetado o vírus ou pedaços dele. Ao encontrar os invasores (antígenos), o organismo produz anticorpos e mobiliza as células de defesa. O sistema imune passa a ter uma postura de prontidão contra a infecção "pra valer".

    Na vacina de DNA, a produção desses antígenos (pedaços dos invasores) é feita pelas células do organismo, como as fibras musculares. A partir daí, a resposta é semelhante à das vacinas virais.

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    "O problema é que pode ser difícil controlar a quantidade de antígeno 'fabricado' e o tempo de produção, o que pode dificultar a imunização", disse à Folha o professor da USP Paolo Zanotto, um dos autores do trabalho.

    Outra desvantagem é que pode surgir tolerância aos antígenos produzidos e até câncer, por causa da inserção do novo DNA no genoma

    Nos ensaios, a imunização dos camundongos durou pelo menos 8 semanas e foi completa para os animais que receberam uma versão "inteira" do DNA responsável por fazer proteínas do envelope e da membrana do vírus.

    Os pesquisadores afirmam que uma vacina de DNA para testes em humanos poderia ser facilmente obtida.

    INATIVA

    Os cientistas também testaram uma versão de vírus inativado (morto) da vacina. No caso, a cepa foi obtida em Porto Rico. Os camundongos obtiveram mais proteção quando vacinados pela via intramuscular, em comparação à via subcutânea.

    "Precisamos tentar qual é o melhor sistema de 'delivery' para cada combinação de antígenos com organismos a serem vacinados", diz Zanotto.

    A cepa de Porto Rico é semelhante à brasileira, segundo Zanotto. "Seria ótimo ter uma vacina que neutralizasse todas as cepas da linhagem asiática do vírus da zika, que são as que estão se espalhando pelas Américas e que recentemente causaram surto em Cabo Verde, na África."

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