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    Kama sutra dos anfíbios: cientistas descrevem nova posição sexual em rãs

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    24/07/2016 02h02

    Um grupo de pesquisadores indianos, perspicazes na arte de se observar rãs em seus momentos mais íntimos, colaram mais uma figurinha no álbum do kama sutra dos anfíbios.

    Eles descreveram a sétima diferente posição sexual executada por rãs, que eles chamaram de "dorsal straddle", que em português poderia ser algo como "escalada dorsal com perna esticada".

    As estrelas que realizam a performance são as rãs-de-mumbai (Nyctibatrachus humayuni). De acordo com os pesquisadores, elas costumam aparecer em grandes números logo após o pôr do sol, próximos a riachos. O ritual de acasalamento começa com o tradicional chamado (coacho) do macho. Em seguida, a fêmea toca o macho com suas patas, o que excita ambos.

    Chega a parte difícil. A fêmea fica dependurada (agarrando em galhos ou onde conseguir) e o macho a escala, ficando na recém-descrita posição. A participação masculina termina após ele depositar esperma nas costas da fêmea e desmontá-la.

    No passo seguinte, a fêmea põe os óvulos. O esperma, que estava nas costas, escorre dali e finalmente cumpre sua missão de fertilizar os óvulos. Dessa forma, não há contato entre os bichos durante a fertilização. Em outras espécies é comum que tanto o esperma quanto os óvulos sejam depositados durante o abraço entre as rãs –que está mais para um agarrão por parte do macho. O movimento é conhecido como "amplexo".

    "Essa rã é notória e possui um comportamento reprodutivo sem precedentes, único de várias maneiras. A descoberta é fundamental para entender a ecologia evolutiva e comportamental de anfíbios anuros [aqueles sem cauda]", diz o professor Sathyabhama Das Biju, da Universidade de Déli, que liderou o novo estudo.

    OUTROS ACHADOS

    Os cientistas também descreveram outros achados inusuais. Entre mais de 6 mil espécies de rãs descritas, os N. humayuni são a 25ª em que as fêmeas também se mostraram capazes de emitir sons. Também foi a primeira vez que alguém descreveu o comportamento predatório de serpentes sobre e espécie. As vítimas, no caso, eram ovos depositados sobre folhas.

    O estudo que descreve os achados foi realizado em colaboração com cientistas da Universidade de Minnesota (EUA) e foi publicado na revista científica "PeerJ". "Uma boa compreensão de cada espécie, incluindo a ecologia e a reprodução é importante para planejar e implementar com sucesso a as estratégias de conservação", concluem os autores.

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