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    Altura mundial aumenta, mas países que 'encolheram' causam preocupação

    DE SÃO PAULO

    27/07/2016 02h00

    Karime Xavier/Folhapress
    Alimentação é um dos fatores que influenciam o crescimento
    Alimentação é um dos fatores que influenciam o crescimento

    Enquanto em 1914 americanos e escandinavos eram os mais altos do mundo, um século depois, em 2014, homens da Holanda e mulheres da Letônia lideram o ranking de altura.

    Durante os últimos cem anos, de forma geral, a prosperidade econômica e uma melhor alimentação resultaram em um mundo mais alto. Essa é a conclusão de um estudo do ICL (Faculdade Imperial de Londres) publicado nesta terça (26) no periódico científico "eLife".

    Os homens holandeses têm altura média de 1,82 m e as mulheres letãs de 1,70 m. No outro extremo, entre os mais baixos, estão os homens do Timor Leste, com 1,60 m, e as mulheres da Guatemala, com 1,49 m.

    No Brasil, a altura média dos homens é 1,73 m e das mulheres é 1,60 m. O aumento de estatura, considerando os dados de 1914, foi de 8,6 cm.

    Houve poucas mudanças na estatura dos países (EUA, Canadá e países nórdicos) que lideravam o quadro no século passado. Nos EUA, houve, inclusive, estagnação no crescimento no início dos anos 70 e um leve declínio da altura média desde 2000. O quadro é associado a uma queda dos padrões nutricionais.

    Os maiores crescimentos de altura média estão concentrados na parte continental da Europa, no Oriente Médio e em algumas regiões da Ásia. Mulheres sul-coreanas, as que mais cresceram no período, tiveram um aumento de estatura de 20,2 cm. Quanto aos homens, os iranianos estão 16,5 cm mais altos.

    "Nosso estudo mostra que os países anglo-saxões, particularmente os EUA, se situam atrás de outros países europeus e da Ásia-Pacífico com alta renda", especialmente devido aos problemas de obesidade dos primeiros, explica Majid Ezzati, professor da Escola de Saúde Pública do ICL, diretor do estudo.

    18.600 pessoas com 18 anos, de 179 países, foram medidas para o estudo, que foi conduzido por 800 pesquisadores e teve o apoio da OMS (Organização Mundial da Saúde). Os dados são relativos a 2014.

    "O mais surpreendente é ver que, apesar de enormes aumentos de estatura na maior parte dos países, ainda existe uma distância considerável entre o mais baixo e o mais alto", diz Mary De Silva, diretora de população, ambiente e saúde do Instituto Wellcome Trust Sanger, no Reino Unido, cofinanciador do estudo.

    Alimentação e fatores ambientais, como a saúde materna durante a gestação e a dieta seguida na infância, possuem grande influência na altura. Contudo, a atuação dos genes também precisa ser levada em consideração.

    "Um dos fatores que leva ao aumento de estatura, a ter saúde e equilíbrio, é a alimentação balanceada. Precisa ter qualidade, quantidade, harmonia e adequação", afirma Edson Credidio, doutor em ciência dos alimentos pela Unicamp.

    Pessoas mais altas, de modo geral, costumam adoecer menos e têm uma expectativa de vida maior, mas, segundo o estudo, elas são mais propensas a cânceres de próstata e ovário, entre outros problemas de saúde.

    ENCOLHIMENTO

    Os dados de algumas regiões do mundo, principalmente em parte da África subsaariana, no sul do continente, causam preocupação. Nos últimos 40 anos, as pessoas de Serra Leoa, Uganda e Ruanda ficaram cinco centímetros menores. Mesmo assim, são mais altas do que em 1914.

    Nos EUA, a diminuição na estatura média pode ser resultado de diferentes fatores. "A imigração é uma possibilidade, mas a qualidade e distribuição dos alimentos é outra. O modo como as pessoas se alimentam está piorando e a distribuição dos alimentos está mais desigual", afirma Elio Riboli, diretor da Faculdade de Saúde Pública do ICL.

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