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    BBC

    Dinossauros gigantes sul-americanos podem ter cruzado continentes

    HELEN BRIGGS
    DA BBC BRASIL

    21/10/2016 08h10

    Travis Tischler/Museu Era dos Dinossauros
    Savannasaurus: um novo espécime de dinossauro
    Savannasaurus: um novo espécime de dinossauro

    Alguns dos gigantes da família dos dinossauros podem ter se originado na América do Sul, cruzado a Antártida e chegado até a Austrália 100 milhões de anos atrás. Os dinossauros podem ter tido a oportunidade de fazer a jornada quando uma onda breve de calor permitiu a passagem por ligações de terra entre os continentes.

    Dois fósseis descobertos na Austrália trouxeram mais evidências para reforçar essa teoria. As duas espécies são saurópodes –um grupo de grandes dinossauros herbívoros com pescoços longos e cabeças pequenas–, mais tarde classificados como titanossauros, que estão entre os maiores dinossauros a habitar o planeta.

    O coordenador da pesquisa, Stephen Poropat, do Museu Australiano Era dos Dinossauros, disse que os espécimes aumentam o conhecimento de como era a região do continente australiano entre 95 e 98 milhões de anos atrás. "Assim temos uma ideia melhor da fauna como um todo", disse.

    "O resultado é que podemos começar a juntar as peças de como o clima afetou esses dinossauros, como as posições dos continentes os afetaram e como eles se desenvolveram ao longo do tempo".

    Judy Elliott/Museu Era dos Dinossauros
    Poropat entre as vértebras do dinossauro gigante
    Poropat entre as vértebras do dinossauro gigante

    ÁRVORE GENEOLÓGICA

    Um dos fósseis dos dinossauros foi encontrado na cidade de Winton, na região centro-oeste de Queensland. Ele foi chamado Savannasaurus elliottorum em referência aos Elliott, a família que encontrou a pilha de fósseis em sua propriedade quando cuidava de ovelhas.

    O esqueleto do dinossauro estava encrustado em uma rocha e levou dez anos para ser remontado. Os pesquisadores também descobriram ossos de outra espécie de saurópode, o Diamantinasaurus matildae.

    "Este novo espécime de Diamantinasaurus ajudou a preencher diversas lacunas nos nossos conhecimentos da anatomia desse dinossauro", disse Poropat. "A caixa craniana em particular nos permitiu refinar a posição do Diamantinasaurus na árvore genealógica dos saurópodes."

    JORNADA POLAR

    Os dois espécimes ajudaram a mostrar que os titanossauros viviam em todo o planeta há 100 milhões de anos. Isso foi possível devido à disposição dos continentes e ao clima da época.

    O professor Paul Upchurch, da University College de Londres, disse que a Austrália e a América do Sul se conectavam com a Antártida durante a maior parte do período Cretáceo. Quando o Savannasaurus ainda existia, há 95 milhões de anos, a temperatura global era ligeiramente mais alta que a de hoje, mas mais frio nos polos.

    "Suspeitamos que o ancestral do Savannasaurus era da América do Sul, mas não entrou na Austrália até aproximadamente 105 milhões de anos", disse. "Naquele período, a temperatura global aumentou, permitindo aos saurópodes atravessar massas de terra em latitude polares."

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