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    Google cria prêmio milionário para quem levar minijipe à Lua primeiro

    SALVADOR NOGUEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    01/01/2017 02h02

    Em movimentações que parecem o agito no grid de largada que antecede as corridas de Fórmula 1, diversas equipes espalhadas pelo mundo se preparam para fazer em 2017 uma disputa inusitada: ganha quem chegar primeiro à Lua.

    Trata-se do Prêmio X Lunar Google (GLXP), patrocinado pela gigante da internet para fomentar o desenvolvimento de tecnologias espaciais de baixo custo e a exploração do satélite natural da Terra.

    A maior bolada –US$ 20 milhões– vai para o primeiro grupo que conseguir pousar na Lua um módulo robótico capaz de se deslocar por no mínimo 500 metros pela superfície e transmitir vídeos e fotos em alta definição de lá.

    O segundo colocado, se houver, não sairá de mãos abanando; levará US$ 5 milhões. É importante colocar esses valores em perspectiva, porém. O preço de tabela para o lançamento de um foguete Falcon 9, da SpaceX –o mais barato do mercado com capacidade para levar uma carga útil até a Lua–, não sai por menos que US$ 62 milhões.

    E as regras da premiação exigem que 90% do financiamento do projeto seja privado. Ou seja, as equipes precisam ter um plano de negócios que justifique o investimento todo na missão.

    Isso explica a intensa movimentação no grid até o último dia de 2016: das 16 equipes atualmente inscritas (antes eram 29), apenas 5 conseguiram apresentar contratos de lançamento. E como o contrato assinado até o fim do ano é pré-condição para seguir na disputa, várias delas estão se associando.

    É o caso da brasileira SpaceMETA, liderada pelo engenheiro Sergio Cavalcanti. Ela chegou a ter um acordo assinado para usar o primeiro voo do foguete Cyclone-4 a partir de Alcântara, mas o lançador se desmaterializou com o cancelamento da parceria entre brasileiros e ucranianos.

    Agora, para ter alguma chance, ela e outras três equipes tentam se reunir num grupo em torno do grupo internacional Synergy Moon. "Montamos a estratégia de desaparecer e reaparecer com um time global", disse Cavalcanti à Folha. Detalhe: o contrato da Synergy, embora reconhecido pelos juízes do GLXP, envolve um foguete ainda não testado sequer uma vez em voo.

    Movimento similar de emparceiramento de última hora fez a equipe japonesa Hakuto, que se juntou à indiana Team Indus para viajar junto com ela. Mas nesse caso a chance de sucesso é bem maior: elas têm voo assegurado no foguete indiano PSLV –lançador que inclusive já realizou uma missão lunar, a Chandrayaan-1. (Será esse mesmo lançador que levará a Garatéa-L, primeira missão lunar brasileira, em 2020.)

    Quando a premiação foi anunciada, em 2007, a linha de chegada era 31 de dezembro de 2012 –mas nenhuma equipe teria condições de cumprir o prazo.
    Na lista dos que têm contratos com foguetes já testados para voo, a israelense SpaceIL desponta como uma potencial favorita: deve voar num Falcon 9 no segundo semestre de 2017.

    A equipe alemã PartTime Scientists, que tem apoio da Audi, alega ter contrato similar, mas ele ainda não foi reconhecido pela organização do prêmio –o que pode tirar a equipe da disputa. Outro time forte é o americano Moon Express, que tem planos de fazer futura mineração lunar.

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    Objetivos

    > Pousar suavemente uma espaçonave na Lua

    > Viajar 500 metros no solo lunar

    > Enviar fotos e vídeos em alta definição

    Prêmios

    1º colocado - US$ 20 milhões
    2º colocado - US$ 5 milhões
    Prêmios-bônus - US$ 5 milhões

    Prazo final

    31 de dezembro de 2017

    Equipes

    > Team SpaceIL (Israel)
    > Team Indus (Índia)
    > Part-Time Scientists (Alemanha)
    > Moon Express (EUA)
    > Synergy Moon (internacional)
    > STELLAR (EUA)
    > Independence-X (Malásia)
    > Omega Envoy (EUA)
    > Euroluna (internacional)
    > Hakuto (Japão)
    > Astrobotic (EUA)
    > Team Puli (Hungria)
    > SpaceMETA (Brasil)
    > Team Plan B (Canadá)
    > AngelicvM (Chile)
    > Team Italia (Itália)

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