• Ciência

    Thursday, 02-May-2024 11:37:06 -03

    Bebê de três progenitores nasce na Ucrânia a partir de nova técnica

    DA FRANCE PRESSE

    19/01/2017 13h04

    Genya Savilov/AFP
    A técnica é indicada somente para casos de alto risco de transmissão de doença genética grave
    A técnica é indicada somente para casos de alto risco de transmissão de doença genética grave

    Um bebê de um casal infértil nasceu na Ucrânia após o primeiro uso de uma nova técnica que utiliza o DNA de três progenitores, disse a chefe de uma clínica de fertilidade de Kiev nesta quarta-feira (18).

    O menino foi concebido usando o DNA de sua mãe e o de seu pai, mas também o de uma doadora de óvulos, através de uma técnica chamada transferência pronuclear, disse Valeriy Zukin, diretora da clínica de fertilidade privada Nadiya, em Kiev.

    "É o primeiro nascimento [usando] a transferência pronuclear em todo o mundo", disse Zukin à AFP.

    A clínica disse em um comunicado que a mãe, de 34 anos, deu à luz um menino saudável em 5 de janeiro, depois de tentar engravidar durante mais de 15 anos e tendo passado por várias tentativas fracassadas de fertilização in vitro (FIV).

    Os óvulos da mulher foram fertilizados com o esperma do parceiro, mas depois seus núcleos foram transferidos para um óvulo de uma doadora cujo núcleo havia sido removido.

    Como resultado do procedimento, o óvulo ficou quase inteiramente composto de material genético do casal, com uma quantidade muito pequena (cerca de 0,15%) do DNA da doadora.

    Zukin disse que espera que a técnica de transferência pronuclear possa ajudar outras mulheres cujos embriões param de se desenvolver em um estágio muito inicial durante os ciclos de FIV.

    O menino é considerado o segundo bebê "de três pais" do mundo, depois de um bebê que nasceu no México em 2016 através de uma técnica diferente que também usa o DNA de três progenitores.

    Zukin disse que o método de transferência pronuclear poderia ser usado para ajudar mulheres que sofrem de uma condição rara chamada detenção embrionária.

    Ela estima que cerca de dois milhões de mulheres em todo o mundo tentam ter um bebê com a FIV por ano, e cerca de 1% delas sofrem de detenção embrionária.

    "Aproximadamente entre 10.000 e 20.000 mulheres por ano poderiam ser potenciais candidatas para usar este método", disse Zukin.

    Especialistas pediram cautela sobre a utilização do método como um tratamento de fertilidade, ressaltando que este se destinava a pessoas com um risco muito alto de transmitir uma doença genética grave.

    "Precaução e uma avaliação de segurança são exigidas antes do uso generalizado desta tecnologia", disse Yacoub Khalaf, diretor da Unidade de Concepção Assistida no Hospital Guy's e St Thomas' em Londres, citado pelo site Science Media Center.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024