• Ciência

    Monday, 29-Apr-2024 01:08:55 -03

    Mitocôndria pode chegar à espantosa temperatura de 50°C, diz estudo

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    06/05/2017 02h02

    Science Photo Library
    Mitocôndrias observadas por meio de microscopia eletrônica e coloridas digitalmente em rosa
    Mitocôndrias observadas por meio de microscopia eletrônica e coloridas digitalmente em rosa

    Um grupo internacional de cientistas está tentando pôr em xeque boa parte do que se sabe a respeito das pequenas usinas de força da célula, as mitocôndrias. Elas funcionariam também como pequenos braseiros.

    Segundo alguns experimentos, as organelas podem chegar à espantosa temperatura de 50°C –o corpo humano saudável tende a permanecer em torno dos 37°C.

    Os resultados foram obtidos com o auxílio de sondas intracelulares fluorescentes e, caso confirmados, adicionam uma bela uma camada de complexidade à biologia celular.

    Isso porque em vez de adotar um modelo de célula em que todos os compartimentos têm a mesma temperatura (e proteínas, que compõem a maquinaria celular têm uma temperatura ótima para operar), seria necessário pensar que há zonas celulares que podem ter seu desempenho "ótimo" em outra faixa de temperatura.

    Algumas enzimas importantes para a típica atividade mitocondrial de produzir ATP (molécula energética usada em processos fisiológicos como a contração muscular) podem ter um comportamento muito diferente na realidade do que aquele observado em testes laboratoriais in vitro conduzidos na temperatura "errada" de 37°C.

    Outra coisa que pode mudar é a interpretação do papel da localização da mitocôndria na célula.

    Sabendo que a organela pode funcionar como um pequeno braseiro, o fato de ela estar perto de determinadas regiões da célula, como o núcleo, pode significar não só um fornecimento mais rápido de ATP para os processos celulares daquela região, mas também uma fonte de calor para fazê-los funcionar de forma otimizada.

    O estudo, realizado por cientistas da França, Alemanha, Coreia do Sul, Finlândia, Líbano e Cingapura, está publicado na plataforma bioRxiv, que abriga trabalhos que ainda não foram revisados por cientistas independentes.

    Dado o impacto dos resultados, provavelmente haverá um grande número cientistas interessados em testar a novidade com novos experimentos e ajudar a reescrever as regras da biologia.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024