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    Problemas da ciência nacional vão além da baixa repercussão

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    16/10/2017 02h00

    Jorge Araujo/Folhapress
    Pesquisadora analisa amostra com auxílio de microscópio
    Pesquisadora analisa amostra com auxílio de microscópio

    São vários os problemas que atravancam o desenvolvimento científico no Brasil: falta de recursos e corte no investimento público, dificuldade para manter cientistas brilhantes no país, barreiras alfandegárias à importação de reagentes, entre outros.

    A aparente falta de impacto dos artigos científicos não é bem uma constatação inédita. Já foi notado que nossos cientistas publicam mal em revistas científicas 'top'. A nova análise, feita a partir de dados públicos, porém, renova o sentimento de urgência de reformas significativas no jeito brasileiro de se fazer ciência.

    O país buscou aprender com os melhores, mas as tentativas de internacionalizar a ciência brasileira ainda não foram bem-sucedidas.

    Instituições brasileiras não conseguem fazer frente a centros internacionais na disputa pelos melhores pesquisadores, universidades públicas têm processos engessados e programas como o Ciência sem Fronteiras geraram parcos resultados, na análise de vários cientistas.

    Outra crítica –que parece universal entre aqueles que fazem ciência no Brasil– é o modelo de avaliação da produtividade e da competição por recursos.

    Grande parte da pesquisa brasileira se dá no setor público e para disputar recursos federais como bolsas de estudos e outros incentivos, os pesquisadores têm de cumprir certas metas de produtividade científica.

    Uma das questões frequentemente levantadas é que, no fim das contas, compensa mais empreender os esforços na publicação de numerosos artigos medíocres do que em um trabalho mais completo, porém mais custoso em tempo e com risco não negligenciável de acabar publicado em uma revista 'não top', se muito.

    Tendo em vista essa ânsia por publicação –uma das poucas formas de saber se, de fato, um cientista é produtivo–, o mercado editorial se mexeu e houve uma proliferação de periódicos científicos. Boa parte deles é considerada predatória, por funcionar no esquema "pagou, publicou", deixando de lado a obrigação moral de avaliar criticamente o conteúdo dos trabalhos que veiculam.

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