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    Adriana Gomes

    Os sem educação

    DE SÃO PAULO

    08/06/2014 03h10

    A frase "se você acha que educação é cara, experimente a ignorância", atribuída a Derek Bok, advogado e educador norte-americano, é provocativa e realista. Já escrevi nesta coluna sobre produtividade e diariamente vejo exemplos escancarados do quanto a falta de educação básica compromete gravemente a qualidade do trabalho.

    Volto a esse assunto porque, na semana passada, quando fui ao supermercado, esperei vinte minutos para que o atendente de uma grande rede varejista conseguisse trocar a fita adesiva da balança. Impaciente, tentei ajudá-lo, mas ele se sentiu visivelmente ofendido e desafiado por uma mulher. Percebi o machismo no seu olhar, algo como: "Pode deixar que eu resolvo isso sozinho."

    Comecei, então, a conversar sobre o quanto ele gostava da empresa e sobre o treinamento que havia recebido.

    Resumindo: não gostava da companhia porque ela o remunerava mal, não teve treinamento para a função -o tempo que levou para concluir a tarefa e iniciar o efetivo atendimento aos clientes é uma prova disso.
    A fila aumentando junto com a impaciência e a insatisfação. A produtividade em queda livre.

    Visto que não há perspectiva de mudança significativa na reestruturação da política educacional por parte do governo, a melhoria em termos de aumento de produtividade me parece distante.

    Mas a boa notícia, tardia é bem verdade, ressalta que haverá aumento nos anos de estudo da população. Segundo afirma pesquisa desenvolvida pelo Profuturo/FIA (Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração), essa média deverá passar de 7,4 anos em 2011 para 9 em 2023, alavancada pelo aumento da educação na classe C, em que se prevê uma média de 10 anos de estudo.

    Representará alguma melhora, pois segundo o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), atualmente o Brasil tem a menor média de anos de estudos da América do Sul. Um adulto estuda em média 7,2 anos. A maior média do mundo é dos Estados Unidos: 13,3.

    Sem dúvida, alguma melhora, porém ainda estamos pagando caro pela ignorância.

    adriana gomes

    Escreveu até junho de 2016

    Mestre em psicologia, coordena o Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM.

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