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    Adriana Gomes

    Paralisia emocional

    DE SÃO PAULO

    20/07/2014 03h15

    Por algum tempo ainda vamos tentar digerir o fiasco homérico do jogo entre Brasil e Alemanha na Copa, que adiou o sonho da conquista do título de hexacampeão. Isso não é ruim e surgirão reflexões sobre as mais diversas perspectivas. As analogias entre os esportes e a vida corporativa são frequentes. Pensando assim, ainda há tempo de contribuir com esse longo processo digestivo comparando a situação corporativa com a vivida naquele dia fatídico em que os jogadores ficaram paralisados diante da derrota.

    Vou avisando que não entendo nada de futebol, mas sobre comportamento humano me arrisco nos palpites. Destaco dois fatores que, para mim, ficaram evidentes no jogo: excesso de autoconfiança e a falta de integração entre os elementos do time.

    Acreditar que se vá conseguir atingir um resultado é positivo, desde que haja treinamento para dar suporte à essa crença. Quando se pensa em equipe, é preciso muito treinamento para que as competências sejam desenvolvidas e que exista boa integração entre todos os elementos. Confiança ajuda, mas em excesso, atrapalha.

    Muita confiança e expectativas foram depositadas em um elemento chave - Neymar, que naquele jogo estava fora, o que já fez com que o time se sentisse abalado e inseguro. O fator desestruturador para o time do Brasil acontece nos primeiros minutos, o gol adversário! A partir da descrença de que esse cenário pudesse acontecer e sem o elemento que estruturava a segurança do time, houve paralisia geral. Ninguém sabia o que fazer: essa falta de capacidade para se reorganizar emocionalmente demonstra, mais ainda, as fragilidades técnicas, o que permitiu o massacre.

    O processo para lidar melhor com situações difíceis inclui: baixar expectativas, aumentar as competência técnicas, conhecer efetivamente o contexto, ter autoconhecimento e manter o controle. Os pilotos de avião, por exemplo, são sempre avaliados e treinados para lidar com emergências.

    Para evitar a paralisia diante do fracasso, é muito importante treinar o time para cenários positivos e negativos. Lidar emocionalmente bem com situações adversas é competência que desequilibra em qualquer cenário, no jogo ou na vida.

    adriana gomes

    Escreveu até junho de 2016

    Mestre em psicologia, coordena o Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM.

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