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    Adriana Gomes

    Injustiças da demissão

    06/12/2015 02h00

    Os finais são na maioria das vezes mais complexos e complicados do que os começos. Não é diferente quando se trata da relação de trabalho.

    Há muitos interesses e expectativas que não se concretizam ao longo do tempo. Seja por parte do empregador, seja por parte do empregado.

    Nas relações mais duradouras (o que eu considero a partir de três anos), já houve tempo para as partes se conhecerem, compreenderem o estilo de trabalho, o grau de comprometimento, os valores.

    O comprometimento que dura esse tempo já passou por alegrias e concessões. Já houve tempo para colher os frutos de projetos e problemas já foram resolvidos e superados. Os que não foram superados, provavelmente não foram discutidos.

    Falta de competência para dar feedback é recorrente nas relações profissionais. A falta de habilidade para se lidar com desligamentos também.

    Em muitos casos, já é esperado e sabido que a demissão acontecerá, outras vezes ela é inesperada e surpreendente.

    A dor da demissão do outro é menor do que a da própria. Assim, acredito que a sinceridade suprema seja a melhor conduta numa conversa de desligamento. Essa conversa deve ser com o gestor e não com o RH. Não é alguém do RH que está diariamente com a pessoa a ser demitida.

    A questão é que falta maturidade e a verdade deixa de ser dita por receio de que o outro não a suporte. A sinceridade é importante, contudo, para seguir adiante.

    Evite conversas sem conteúdo, em que se tenta explicar o inexplicável. Não faça rodeios que mais confundem do que esclarecem. Para isso, são necessários critérios claros e transparência.

    É importante que o gestor seja capaz de reconhecer o empenho do funcionário, as conquistas obtidas durante o tempo em que permaneceram juntos. Afinal de contas trata-se de uma parceria que deu certo por algum tempo.

    Reconhecer o outro não é demérito e nem fraqueza, como escutei outro dia de um profissional da área. São percepções distorcidas como essa que tornam o processo de desligamento desumano e frio. Isso acaba deixando mágoas levadas por muitos anos.

    adriana gomes

    Escreveu até junho de 2016

    Mestre em psicologia, coordena o Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM.

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