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    Adriana Gomes

    #SóQueNão

    13/03/2016 02h00

    Se olharmos apenas superficialmente, parece que tudo está bem para as mulheres no mercado de trabalho, #SóQueNão. Segundo pesquisa recente da Organização Internacional do Trabalho, houve aumento da presença feminina em cargos de chefia em todo o mundo, mas essa evolução se deu principalmente nas posições intermediárias de gerência.

    No caso de CEOs, as mulheres ocupam entre 5% e 10% desses postos no Brasil. Minha explicação para esse fenômeno é um fato com o qual tenho me deparado com mais frequência nos últimos anos.

    Um contingente cada vez maior de excelentes executivas que buscaram o crescimento profissional e chegaram lá vivem dramas em suas vidas fora do trabalho. Adiaram, por exemplo, a maternidade.

    Algumas têm dificuldade para realizar esse sonho por problemas de saúde. As que o realizam tardiamente estão com filhos pequenos, que demandam presença, atenção e cuidado, e por isso preferem reduzir a carga de trabalho. Outras tentam mudar de atividade para que possam conciliar a maternidade com suas carreiras.

    Essas mulheres sentem-se cobradas para serem mães perfeitas, principalmente por si mesmas. Exigem performances tão tangíveis quanto os resultados empresariais. Só que os resultados em relação à maternidade só virão no longo prazo. A percepção de sucesso feminino envolve êxito na gestão da vida profissional, do marido, dos filhos, do lazer e dos cuidados estéticos.

    Muitas mulheres cresceram escutando das mães para não dependerem de homens financeiramente, para que não ficassem, como elas, atreladas e submetidas a um companheiro. A independência financeira é alcançada, mas existe o lado afetivo e emocional, muito mal resolvido tanto entre homens e mulheres quanto nas organizações.

    Elas desenvolvem competências, versatilidade e flexibilidade, qualidades que as tornam, em muitos cargos, mais desejadas do que homens. Mas ainda precisamos encontrar o equilíbrio, ou outras maneiras de gestão do ambiente profissional.

    Ainda precisamos de um Dia Internacional da Mulher para lembrarmos que estamos enfrentando batalhas diárias para termos autonomia, independência, respeito, direitos iguais e liberdade de escolha -do emprego ao companheiro. A ocasião também é importante para repensarmos o que significa ter sucesso, verdadeiramente

    adriana gomes

    Escreveu até junho de 2016

    Mestre em psicologia, coordena o Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM.

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