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    Alexandra Corvo

    Tomando a Borgonha pelas bordas

    12/12/2014 02h00

    Pensar na Borgonha é mentalizar um santuário da viticultura. E, de certa maneira, é isso mesmo.

    Nascida há 2.000 anos (mas de solos formados há 250 milhões de anos, os locais gostam de frisar), desenvolvida por monges, ali tudo parece ser sagrado. Cada pedaço de terra, cada cacho de uva.

    Vêm-nos à mente os grandes tintos de Côte de Nuits e os brancos quase eternos de Côte de Beaune. Eles são não só intensos, complexos e longevos, como também –porque são tudo aquilo– caros e inacessíveis.

    Apesar da mitologia sagrada, pessoalmente acho que a Borgonha, essencialmente, é mais que isso. É uma terra de vinhos amigáveis, despretensiosos, sutis e versáteis.

    Ou vocês acham que os habitantes da Borgonha só bebem grands crus? Não, no dia a dia eles tomam os vinhos de suas "villages", produzidos pela família ou pelos vizinhos.

    A Côte Chalonnaise, no sul, abriga os vilarejos de Rully, Mercurey, Givry, onde há brancos e tintos de qualidade, frutados e deliciosos.

    No Mâconnais, extremo sul, o clima mais quente dá brancos amplos, frutados, com a acidez característica da Borgonha. Ali está a célebre região de Pouilly-Fuissé, além de outras menos famosas (mas não menos interessantes), como Pouilly-Vinzelles, Pouilly-Loché, Viré-Clessé e Saint-Véran. Todas produtoras de brancos que aliam mineralidade e fruta intensa.

    No norte, em Saint-Bris, encontramos uma rara exceção "bourguignonne": um branco feito com sauvignon blanc –uva não autorizada em nenhuma outra parte da Borgonha.

    Neste clima frio, os vinhos são bem cítricos. Do sul ou do norte, as bordinhas da Borgonha são puras joias.

    POUILLY-FUISSÉ CHAUVOT-LABAUME 2013
    Perfume de maçã-verde e limões, notinha floral delicada. Boca refrescante, levemente cremosa
    Quanto R$ 124
    Onde Casa Flora (tel. 11/2186-7676)

    SAINT-BRIS DOMAINE DES TEMPS 2013
    Nariz muito cítrico. Boca lembra limonada, com uma picadinha salgada, magrinho e refrescante
    Quanto R$ 88
    Onde De la Croix (tel. 11/3034-6214)

    CÔTE CHALONNAISE LAURENT JUILLOT 2010
    Pêssegos bem maduros e maçãs frescas. Cheio em boca, com um toquezinho de acidez fresca, final leve
    Quanto R$ 86
    Onde Tastevin (tel. 21/2633-8866)

    MÂCON-IGÉ CHÂTEAU LONDON J.C. BOISSET 2010
    Intenso, mangas grelhadas e manteiga derretida. Boca cheia, frutada, saboroso, com acidez e final tostado
    Quanto R$ 75
    Onde Santa Luzia (tel. 11/3897-5000)

    alexandra corvo

    Escreveu até setembro de 2016

    Trabalhou por 15 anos como sommelière nos EUA, Europa e Brasil. Hoje é proprietária do Ciclo das Vinhas - Escola do Vinho.

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