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    Alexandra Corvo

    O irmão rápido de Brunello

    13/07/2016 02h00

    Foi-se o tempo só de clássicos. Só de vinhão. Brunellão, Barolão, Bordeauzão. Ainda bem. Hoje muitos querem tomar o vinho logo, pronto, gostoso. Gostar de um não exclui gostar do outro, mas é bom ter opções.

    Não faz muito tempo, a maioria dos bebedores "clássicos" torciam o nariz para o Rosso di Montalcino. Era visto, de certa maneira, como um primo pobre, ou um irmão magrela do nobre e grandão Brunello di Montalcino.

    É que lá atrás no tempo, realmente as uvas usadas para o Rosso não eram as melhores. De vinhas mais jovens, de rendimento um pouco mais alto, podiam resultar em vinhos mais diluídos. Poucos produtores davam atenção ao Rosso, pois era relativamente fácil vender o prestigioso Brunello di Montalcino.

    Os últimos anos foram desafiadores. Com o mercado global esfriando, a necessidade de ter produtos bons, com preços mais acessíveis, tornou-se cada vez mais urgente. As pessoas também já não querem mais esperar tanto pra beber um vinho. E o Brunello exige isso. O Rosso não.

    Um pouco mais de atenção e cuidado às vinhas seria o suficiente para produzir um bom Rosso. Em Montalcino há clima e solos de qualidade, onde a uva Sangiovese Grosso (ali chamada de Brunello) está mais que à vontade.

    Para fazer o Brunello di Montalcino, a regulamentação de rendimento é bastante baixa. A intenção é produzir um estilo concentrado e longevo. Mas pequenas produções encarecem o valor das uvas e do vinho. O Rosso não tem tantas limitações de rendimento e os vinhos resultam mais leves e refrescantes, ficam prontos antes, mas ainda tem o jeitão firme típico de Montalcino.

    Os tempos mínimos obrigatórios de envelhecimento em adega para o Brunello também são bastante longos: pelo menos dois anos em barricas de madeira —mais um fator que pesa no valor final. O Rosso não tem isso: o vinho fica pronto mais rápido, ninguém precisa pagar pelo tempo de espera e isso o torna mais acessível.

    Grandes vinhos, os clássicos, são ótimos, desde que feitos por bons produtores. São imponentes, longevos, complexos e nos fazem pensar. Mas não todo vinho precisa ser assim. Vinhos simples —desde que, também, sejam feitos por pessoas bem intencionadas— podem ser grandiosamente ligeiros frutados, divertidos e simplesmente suculentos com seu imediatismo.

    Há momento para tudo. E não temos todo o tempo do mundo. Bebamos já.

    Sasso Di Sole 2012
    Cerejas bem maduras, uma notinha de pimenta do reino e algo de sândalo. Macio e fácil na boca, com uma picadinha alcoólica
    QUANTO R$ 117
    ONDE Vini Mundi; tel. (11) 98188-4800

    Col d`Orcia 2012
    Ameixa fresca, morango e um toquezinho de canela. Na boca tem corpo médio, cremoso e vinoso, com ótima fruta e taninos macios
    QUANTO R$ 135
    ONDE Franco Suissa; tel. (11) 5549-7599

    Belpoggio 2013
    Nariz não tão perfumado, com frutas vermelhas misturadas. Na boca é muito saboroso, frutado e tem uma acidez marcada, refrescante
    QUANTO R$ 215
    ONDE Sicilianes; tel. (11) 2372-7530

    La Palazzetta 2013
    Aromático, notas florais, cheio e com bom peso em boca, com final fresco
    QUANTO R$ 189
    ONDE Itália Mais; tel. (11) 3044-1116

    alexandra corvo

    Escreveu até setembro de 2016

    Trabalhou por 15 anos como sommelière nos EUA, Europa e Brasil. Hoje é proprietária do Ciclo das Vinhas - Escola do Vinho.

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