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    Alexandra Corvo

    Vinhas velhas dão uma certa expressão intensa à taça

    24/08/2016 02h00

    Vinhas velhas, vieilles vignes, viñas viejas, old vines —expressões que encontramos em alguns rótulos e que significam, para muitos produtores (principalmente na Europa) que há mais nobreza nos vinhos nascidos na velhice das vinhas que em sua juventude. Por isso mesmo estampam a expressão com orgulho em suas garrafas.

    Mas será que vinhas velhas produzem mesmo vinhos melhores? Qual a diferença essencial em suas características? Há um fator crucial que separa as duas gerações: o sistema radicular de cada uma. As vinhas velhas, principalmente as que cresceram em regiões de solos pobres, áridos ou com forte drenagem, atingem grandes profundidades ao longo dos anos. Com isso, sofrem menos em caso de seca e não absorvem água em excesso (o que causaria uma diluição do vinho) em caso de chuvas na época da colheita. Ou seja, uma vinha velha é muito menos suscetível às variações de safras.

    Outro fator importante que liga o comportamento das idosas em comparação às novinhas: volume. Vinhas velhas produzem naturalmente menos. E há uma regrinha qualitativa bem básica: menos quantidade é mais qualidade. Apesar de muitos outros fatores influenciarem qualidade do vinho, rendimento tem um impacto bastante direto.

    Não que quanto menos você produz melhor vai ser o vinho. Há um certo equilíbrio nessa equação. Mas, de todas as maneiras, como as vinhas velhas rendem menos, podemos confiar em uma certa expressão mais intensa na taça.

    Na Europa, vinhas velhas são divas. No novo mundo são respeitadas, mas não necessariamente veneradas. A questão é que em muitas regiões do novo mundo, atingem-se ótimos níveis de qualidade com vinhas novas. Há relatos de produtores europeus que têm vinhedos no novo mundo e que não conseguem explicar como conseguem atingir qualidade com vinhas de quatro, cinco anos, e em suas regiões de origem, é inconcebível obter um grande vinho com vinhas de menos de oito, dez anos.

    Mas a última questão é: quão velha é velha? Não há nenhuma regulamentação em torno do emprego da palavra. Mais uma vez, depende de onde olhamos. No velho continente, produtores consideram velhas vinhas a partir de 30, 40 anos. No novo mundo, 20, 25 já são consideradas não tão jovens. Independentemente de quão velha, vale a pena provar os sumos de algumas dessas plantas já tão estabelecidas pelo mundo.

    Pétalos del Bierzo 2013
    Uma expressão potente de um terroir único no norte da Espanha. Muita fruta vermelha madura, notas tostadas, boca firme e cheia, com ótima acidez
    REGIÃO Espanha - Bierzo
    QUANTO R$ 196
    ONDE Mistral, tel. (11) 3372-3400

    Clotilde Davenne Saint-Bris Vieilles Vignes 2014
    Muito cítrico, cheio de mineralidade e salinidade do extremo norte da Bourgogne. Boca picante, cítrica, quase salina. Pede ostras
    REGIÃO França - Bourgogne
    QUANTO R$ 195
    ONDE De la Croix, tel. (11) 3034-6214

    Odfjell Orzada Carignan 2013
    Super perfumado, notas de incenso e especiarias, como páprica e cardamomo. Muito macio em boca, com taninos fininhos e ótima fruta
    REGIÃO Chile - Valle do Maule
    QUANTO R$ 161
    ONDE World Wine, tel. (11) 3085-3055

    Paulo Laureano Premium Vinhas Velhas 2014
    Muita fruta vermelha, pimenta-do-reino, nota de mentol. Muito encorpado, cheio, volumoso e apimentado
    REGIÃO Portugal - Alentejo
    QUANTO R$ 110
    ONDE Adega Alentejana, tel. (11) 5044-5760

    alexandra corvo

    Escreveu até setembro de 2016

    Trabalhou por 15 anos como sommelière nos EUA, Europa e Brasil. Hoje é proprietária do Ciclo das Vinhas - Escola do Vinho.

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