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    Alexandra Forbes

    Multiétnica comilança

    13/03/2015 02h00

    Já tendo recebido alguns chefs estrangeiros em São Paulo, não me surpreendeu em nada quando o espanhol Quique Dacosta pediu-me reservas no D.O.M. e no Maní. O cozinheiro, cujo restaurante homônimo tem três estrelas no guia "Michelin", veio cozinhar um jantar organizado, entre outras pessoas, por mim, em prol da Gastromotiva, que promove inclusão social de jovens de baixa renda por meio da culinária.

    Para cozinheiros e fãs da gastronomia, vir aqui e não provar os dois restaurantes é como ir ao Vaticano e não ver o papa. Todos querem.

    Ele se encantou com ambos. Achou o menu do Maní "puro refinamento, sensualidade e técnica", e definiu o D.O.M. como o representante máximo do "fine dining".

    "Comemos superbem a semana inteira", disse Juanfra Valiente, braço-direito do chef. Encantou-se com o molho béarnaise que acompanhava o steak tartare do Ici Brasserie. Confessou para mim que entraram ali desconfiados da minha recomendação. "Logo mudamos de ideia, estava delicioso."

    "Cada restaurante era um mundo diferente", disse Dacosta. Ele ficou impressionado com o Nordeste renovado servido no Mocotó. "É a essência de um território, um lugar festivo, familiar e sem frescuras."

    A feijoada do Dinho's? "Ótima!" Fazia anos que Dacosta tinha vontade de provar o prato. A degustação de sushis do Jun Sakamoto? "Excelente interpretação da cozinha japonesa tradicional e um atum fantástico." O churrasco do Baby Beef Rubaiyat? Postou no Twitter: "Maravilhosas carnes, perfeitamente grelhadas". As múltiplas caipirinhas de caju, três limões, jabuticaba e maracujá provadas em todos os lugares onde foram? "Gostosíssimas!" Dois cozinheiros da equipe foram ainda ao Epice e ao Bar da Dona Onça, de onde saíram com sorrisos que iam de orelha a orelha.

    Nem tudo foram flores. Enfrentaram trânsito e taxistas malandros, frustraram-se com o péssimo sinal de celular, decepcionaram-se com a má qualidade de alguns ingredientes com que cozinharam, especialmente as cerejas. Mas a feliz e multiétnica comilança compensou todo o mau. Saímos bem na fita...

    alexandra forbes

    É jornalista gastronômica, 'foodtrotter' e autora de 'Jantares de Mesa e Cama'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

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