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    Alexandra Forbes

    Escolinha do professor Redzepi

    19/06/2016 02h00

    Alex Atala voltou para a escola. Passou a semana na universidade de Yale, em Connecticut, com outros chefs famosos, entre eles David Chang, dos premiados restaurantes Momofuku. A iniciativa partiu de outro celeb-chef: René Redzepi, do Noma, em Copenhague, eleito várias vezes melhor restaurante do mundo. Foi o reencontro dos três "deuses da comida" que a revista Time nomeou em 2013 os chefs mais influentes do mundo.

    Celebridade máxima do mundo gastronômico, só extraordinariamente Redzepi ausenta-se de seu restaurante, onde cumprimenta fãs inflamados que esperam mais de ano por uma mesa. "Queria escapar da correria do dia a dia e olhar o Noma de outra perspectiva, e aprender", diz. "Foi incrível, enchi um caderno de anotações!"

    Fizeram parte de seu pequeno Yale Leadership Summit (Encontro de Liderança de Yale) chefs como os célebres franceses Olivier Roellinger e Michel Troisgros e a australiana Kylie Kwong. Começou na segunda-feira, simultaneamente à importante cerimônia de premiação do ranking "Os 50 Melhores Restaurantes do Mundo", promovida pela revista inglesa Restaurant em Nova York, a duas horas dali. Único evento gastronômico influente o bastante para reunir chefs do mundo todo, o 50 Best perdeu brilho com a muito notada ausência de Redzepi e companhia.

    Tão famoso nos Estados Unidos quanto Anthony Bourdain, David Chang detesta aparecer. Por anos foi ao 50 Best por obrigação, então fugir até Yale foi um prazer. "Não sei onde queremos chegar com essas aulas, mas é fantástico aprender e discutir ideias intimamente", diz.

    Enquanto a internet pegava fogo com o anúncio do novo ranking dos 50 melhores, eles aprendiam sobre fermentação, solo, paladar, história da cozinha e mais, em petit comité. Exclusivo? Sim, muito -não filmaram nem pretendem compartilhar o conteúdo. Mas, segundo Redzepi, sessões fechadas de discussão e estudo deveriam ser praxe na gastronomia, como acontece em outras disciplinas.

    O estrelado grupo resguardou-se da avalanche midiática do 50 Best fechando-se em sua escolinha de elite. Pode parecer jogada de marketing. Mas se mais chefs voltassem para a sala de aula de vez em quando, seguramente comeríamos melhor nos restaurantes.

    alexandra forbes

    É jornalista gastronômica, 'foodtrotter' e autora de 'Jantares de Mesa e Cama'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

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