RIO DE JANEIRO - Com duas semanas de funcionamento, o VLT (veículo leve sobre trilhos) ainda é para inglês ver. Ou para curtir. Uma parte da população e os turistas em visita à cidade dão uma conferida no bonito bonde moderno — nesta fase de adaptação, até o fim do mês, a viagem é gratuita. Alguns aprovam, outros reclamam, mas ainda é cedo para dizer se ele irá cumprir seu objetivo, o de transportar um grande número de passageiros na confusão que é o centro do Rio.
Menina dos olhos do prefeito Eduardo Paes, o modal de aspecto futurista parece ter sido implantado antes do tempo. Ou com a pressa de quem vai receber uma Olimpíada e precisa mostrar o que fez com o rio de dinheiro destinado às obras de infraestrutura.
O horário de circulação é reduzido e o trajeto, curto. A composição se desloca em baixa velocidade, precedida de uma moto, para evitar que um sujeito falando no celular ou de fone no ouvido seja atropelado. Ao menos já ganhou um apelido: ferrorama do Dudu.
Por enquanto, melhor andar a pé. Pela Orla Conde, essa sim uma agradável intervenção urbana. O conde que lhe dá nome não é uma figura dos tempos do Império, mas o ex-prefeito Luiz Paulo Conde, arquiteto de profissão e um dos primeiros a falar a sério na derrubada do viaduto da Perimetral. Embaixo do que era o monstrengo, hoje se pode caminhar e andar de bicicleta, no rosto a brisa que vem da baía de Guanabara.
O trecho ao lado do Museu do Amanhã oferece a visão das ilhas Fiscal, das Cobras e das Enxadas. São 340 metros em terreno antes restrito aos cariocas, pois pertencia ao 1º Distrito Naval. Indo da praça 15 ao Museu Histórico Nacional, um pedacinho de rua é o que sobrou do largo da Misericórdia, núcleo original da fundação da cidade no sopé do Morro do Castelo. É bom parar ali e pensar no que estamos fazendo com ela.
Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.