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    Alvaro Costa e Silva

    Medalha para a música

    09/08/2016 02h00

    Eduardo Knapp-5.ago/Folhapress
    Rio de Janeiro, RJ, BRASIL, 05-08-2016: Abertura das Olimpiadas no Estadio do Maracana. Desfile da delegacao da (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, ESPORTES).
    Gilberto Gil, Anitta e Caetano Veloso se apresentam na abertura da Rio-2016, no Maracanã

    RIO DE JANEIRO - É um consenso. A melhor música do século 20 foi produzida em três países: Estados Unidos, Brasil e Cuba - Inglaterra perto, mas fora do pódio. Vale a ressalva segundo a qual os cubanos ganharam sua medalha com resultados contando até 1959, quando a revolução de Fidel Castro resolveu acabar com o "som de prostíbulo", banindo os discos de Benny Moré e Bola de Nieve e obrigando os artistas ao exílio ou ostracismo no próprio país.

    Daí o orgulho do brasileiro em saber que, além do futebol, fazíamos outra beleza para espantar o mundo - e quantos não tivemos a experiência de, estando no exterior, ouvir um Ary Barroso ou um Luiz Gonzaga e ter vontade de chorar de emoção?

    Jogar bola parece que não sabemos mais, desaprendemos ou ficamos parados no tempo. A abertura dos Jogos deu a chance de mostrar (a nós mesmos) que a música ainda é nossa praia. O "ainda", no caso, não é muleta de linguagem, pois os septuagenários — Paulinho da Viola, Jorge Ben, Caetano Veloso, Gilberto Gil —, uma quase octogenária — Elza Soares — e um oitentão propriamente dito – Wilson das Neves — salvaram a pátria.

    Aos 65, Luiz Melodia provou que é um dos melhores cantores brasileiros. A homenagem a Tom Jobim, com "Garota de Ipanema" e "Samba do Avião", quase fez esquecer que ele dá nome ao mascote dos Jogos Paralímpicos (Vinicius é o dos Olímpicos) - dois bichinhos que conseguem ser mais sem graça que os Pokémons.

    Não teve axé, forró universitário, breganejo nem safadões. Vexame só a repressiva "lei da limpeza", que faz a Força Nacional retirar dos estádios e arenas quem protesta visualmente contra o governo. Na categoria mico da Olimpíada, ocupa até agora o primeiro lugar; em seguida, vem o interino Michel Temer, que, com medo da famosa vaia do Maracanã, pediu para não ser anunciado ao abrir a cerimônia.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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