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    Alvaro Costa e Silva

    Mulheres dominam os Jogos do Rio

    16/08/2016 02h00

    Thiago Bernardes/FramePhoto/Folhapress
    A judoca Rafaela Silva, primeiro ouro do Brasil, concede entrevista coletiva e fala sobre racismo, suas origens e a volta por cima desde sua derrota em Londres 2012.
    A judoca Rafaela Silva, primeira brasileira a ganhar uma medalha de ouro na Olimpíada do Rio

    RIO DE JANEIRO - Idealizador dos Jogos Olímpicos modernos em 1896 e autor da frase acaciana sobre a importância de competir, o barão Pierre de Coubertin era um tremendo misógino. Podia ser um reflexo da época, mas ele nem fazia questão de esconder seu asco. Dizia que a presença de mulheres nos Jogos seria "impensável, impraticável, antiestética e incorreta", entre outras gentilezas.

    Azar o dele. Pois, à exceção do nadador com marcas de ventosas e do atleta-raio nos 100 metros, a Rio-2016 tem sido delas. A começar por Gisele Bündchen, que, segundo o diretor Fernando Meirelles, "errou" ao desacelerar o passo na cerimônia de abertura — no que fez muito bem, na opinião de todos. Estava tão elegante quanto a egípcia Doaa Elghobashy usando hijab (o véu islâmico) nas areias do vôlei em Copacabana.

    A lista dos destaques femininos é enorme, e só faz crescer. As ginastas coreanas Lee Eun-Ju e Hong Un-Jong, que, separadas em norte e sul pela ideologia, tiraram selfie juntas. A esgrimista italiana Elisa Di Francisca, dedicando sua prata às vítimas do terrorismo. A americana Simone Manuel, que não quer ser "a nadadora negra".

    Joanna Maranhão, massacrada nas redes sociais, mandou seu recado além das piscinas : "O Brasil é um país machista, racista, homofóbico". A goleira Teresa Almeida (98 quilos), do handebol de Angola, a quem chegaram a perguntar se gostaria mais de emagrecer ou de conquistar uma medalha.

    A determinação nos olhos da judoca Rafaela Silva. A tenista Monica Puig, a "Pica Power" (que apelido!), que ganhou oprimeiro ouro da história de Porto Rico. A sublime Simone Biles. A etíope Etenesh Diro e sua sapatilha perdida. O derradeiro salto de Oksana Chusovitina, a ginasta uzbeque. O triplo da belíssima colombiana Caterine Ibargüen. Formiga, a fera.

    Onde estiver, o barão está possesso.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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